São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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EUA prendem segundo suspeito

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

EUA prendem segundo suspeito
Agentes da polícia federal dos EUA (FBI) acham que pelo menos quatro pessoas estão envolvidas de forma direta no atentado de quarta-feira passada em Oklahoma City, região centro-sul ocidental do país.
Até agora apenas Timothy James McVeigh foi acusado do crime. Ontem, em San Bernardino, Califórnia, Costa Oeste, outra pessoa foi presa com relação ao atentado, mas a polícia disse que ela não é suspeita direta.
McVeigh e outro homem alugaram na semana passada uma perua Ford utilizada na explosão, em Junction City, Kansas, região centro-norte ocidental. O retrato falado dos dois tem circulado pelos EUA desde sexta-feira.
O segundo suspeito tem queixo quadrado, sobrancelhas grossas e cabelo escuro.
O homem preso ontem, David Iniguez, desertou do Exército em 23 de agosto do ano passado. Segundo autoridades do Departamento de Justiça, ele não guarda semelhanças com a descrição do segundo suspeito, cujo retrato falado foi divulgado pelo FBI.
Iniguez servia na base de Fort Riley, Estado de Kansas. McVeigh serviu na mesma base, assim como Terry Nichols, um de dois irmãos que estão detidos como testemunhas do atentado.
Terry e James Nichols são suspeitos de terem ligação com a Milícia de Michigan, organização direitista paramilitar que tem como ideário o combate ao governo federal.
McVeigh trabalhava na fazenda de James Nichols, em Michigan, região centro-norte oriental. Terry Nichols se mudou para Kansas há dois meses.
Em Oklahoma City, as autoridades reconhecem já ser quase impossível encontrar sobreviventes no edifício do serviço público federal da cidade explodido na quarta-feira passada. Até agora, 78 corpos foram encontrados. Teme-se que pelo menos outros 150 estejam sob os escombros. Cerca de 400 pessoas sobreviveram feridas.
O presidente Bill Clinton, sua mulher, Hillary, e o reverendo Billy Graham falaram a 20 mil pessoas durante cerimônia em homenagem às vítimas, num centro de convenções de Oklahoma City.
No sábado, o presidente da Câmara, Newt Gingrich, da oposição a Clinton, visitou o local do atentado.
Gingrich reagiu com indignação quando um repórter lhe perguntou se ele não se considerava em parte responsável pela tragédia. Gingrich tem baseado seu discurso em ataques contra o governo federal.
O chefe de gabinete de Clinton, Leon Panetta, anunciou que o presidente vai ampliar a possibilidade de investigação policial de grupos paramilitares. Ele disse que decretos-leis serão assinados em breve.
Gingrich apóia medidas com esse objetivo, embora elas contrariem o princípio político de não-interferência do Estado na vida da comunidade, defendido por ele e seu partido, o Republicano.
Agentes do FBI dizem que sua ação para impedir crimes praticados por grupos paramilitares é quase impossível devido às leis de proteção da privacidade e do direito de organização dos cidadãos. Há centenas de grupos como a Milícia de Michigan no país. Todos são de extrema direita e condenam a tentativa do governo de controlar o comércio de armas. Muitos defendem teorias racistas.
É impossível estimar com exatidão o número de filiados a essas “milícias”. Panetta diz que estão na casa dos “dezenas de milhares”.
O secretário da Defesa, William Perry, refutou qualquer ligação entre esses grupos e as Forças Armadas. “Fico ressentido com insinuação que tente conectar as Forças Armadas com terrorismo.”
Questionado sobre a participação de militares da ativa nesses grupos, Perry afirmou que as Forças Armadas não controlam o que seus integrantes fazem fora dos quartéis. Todo o aparato do FBI continua mobilizado para localizar os outros suspeitos do massacre de Oklahoma. Para o presidente Clinton, a solução rápida do caso é considerada prioridade absoluta.

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Sobre o atentado nos EUA na pág. 2

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