São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995 |
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Suspeitos americanos assustam EUA
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Trata-se da constatação de que os suspeitos pelo crime são naturais dos Estados Unidos, brancos e racistas. Na quarta e na quinta-feira, o país foi tomado pela certeza de que o atentado havia sido obra de terroristas árabes. Um cidadão americano nascido na Jordânia, Abraham Ahmad, foi preso em Londres apenas por ser árabe e ter deixado Oklahoma City 90 minutos depois da explosão. Ele foi algemado, humilhado e deportado. No dia 20, antes de entrar para uma cerimônia na Blair House, onde o presidente Fernando Henrique Cardoso estava hospedado, fiquei 30 minutos na sala do Serviço Secreto até ter minha identidade verificada. Os dois agentes que estavam na sala me disseram várias vezes estarem convencidos de que muçulmanos fundamentalistas eram responsáveis pelo massacre de Oklahoma City. Dessa certeza, eles derivavam conclusões como: "Os estrangeiros são o câncer dos Estados Unidos, nosso mal é ser um país aberto demais a quem vem de fora, precisamos acabar com a imigração desses párias". O presidente da Câmara, Newt Gingrich, ao saber que os suspeitos não eram estrangeiros, resumiu o espanto nacional: "É impensável que americanos tenham feito isso a outros americanos". Gingrich se esqueceu da história dos EUA, repleta de violência de americanos contra americanos. Quatro presidentes foram assassinados e outros três foram alvos de disparos e nos sete casos os criminosos eram americanos. Quem joga bombas em clínicas de aborto pelo país são americanos. Todos os massacres recentes em lanchonetes, agências de correio, ônibus escolares, foram cometidos por norte-americanos. Acusar estrangeiros pela violência nos EUA é injusto e incorreto. O atentado contra o World Trade Center foi o único caso a sustentar essa tese. Foi o suficiente para reforçar o crescente sentimento xenófobo que se espalha entre conservadores deste país. Se a tragédia de Oklahoma fosse atribuída a estrangeiros, esse sentimento certamente iria se tornar incontrolável. Texto Anterior: Suspeito tinha matéria-prima Próximo Texto: Clinton participa de memorial Índice |
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