São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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Cresceu

O impressionante crescimento de 9,1% da economia brasileira entre o primeiro trimestre de 94 e igual período deste ano atesta ainda e principalmente o grande impulso que resultou da estabilização. Os números apresentados pelo IBGE mostram, porém, uma ligeira desaceleração desde o final do ano passado.
A drástica queda da inflação elevou o poder de compra dos setores de baixa renda. A relativa estabilidade dos preços possibilitou a ampliação das compras a prazo. A classe média viu no Plano Real uma oportunidade para adquirir ou renovar seus bens duráveis. O otimismo e a sensação de um horizonte mais claro estimularam as empresas a aumentar a produção e a planejar novos investimentos.
Mas o próprio IBGE prevê que esse ritmo não será mantido. Segundo o Instituto, as projeções já indicam um crescimento de 6,7% do PIB para 1995. O impacto de medidas de contenção do consumo ainda recentes, como a elevação dos juros, a limitação dos consórcios e as restrições ao crédito, tende ainda a deprimir essa projeção.
De fato, mudou o cenário que vinha impulsionando tamanho crescimento. A reversão dos fluxos financeiros e a perda de reservas internacionais desde a crise do México turvaram o horizonte e reduziram o otimismo. O rápido endividamento dos consumidores começa a encontrar um limite, visível no aumento da inadimplência.
A relativa estabilidade atual e o futuro aumento do salário mínimo devem manter o poder de compra dos assalariados de baixa renda. Mas esse poder aquisitivo já não cresce como vinha ocorrendo nos meses iniciais do Plano Real.
É saudável o vigor que a estabilização proporcionou à economia até agora. Daqui em diante, a questão é administrar o nível de atividade evitando, por um lado, a volta da inflação e, por outro, uma redução excessiva no crescimento. Trata-se de uma sintonia fina. E, da habilidade do governo nessa gestão, depende em grande parte o sucesso do país na presente travessia rumo a uma economia estável.

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