São Paulo, segunda-feira, 1 de maio de 1995
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Conexão com o futuro

Está previsto para começar hoje, no Brasil, o acesso comercial à Internet, rede mundial de computadores. Mais de 15 mil usuários já se inscreveram para poder acessar seus serviços. Até agora, tinham de se conectar por meio de instituições educativas ou de pesquisa.
Os primeiros 250 candidatos a usuários selecionados pela Embratel, que fazem parte de um projeto-piloto, pagarão apenas as tarifas hoje vigentes nos serviços de telecomunicações, enquanto a estatal define qual será a taxa cobrada pelo acesso à rede.
Embora desconhecida pelo grande público, a rede Internet é responsável por um progresso científico considerável. Unifica dados e agiliza a colaboração entre universidades de muitos países. A relação de computador a computador possibilita o contato imediato entre cientistas que muitas vezes não teriam oportunidade de fazê-lo.
Na área da medicina, por exemplo, o programa Rede Mundial de Saúde, coordenado pela Organização Mundial de Saúde, permite um monitoramento de epidemias e mapeamento de doenças crônicas. Já foi usado com sucesso durante o terremoto de Kobe, no Japão, e na epidemia de cólera na Índia.
Em uma portaria publicada no último dia 24, o Ministério das Telecomunicações propôs que a administração do acesso comercial à rede fosse feita pela Rede Nacional de Pesquisa (RNP), ligada a universidades e institutos de pesquisa, e não pela Embratel, conforme se cogitara antes. A Embratel ficaria apenas com a parte técnica das conexões telefônicas, podendo até ceder o lugar para a Telebrás.
O fato de que a maioria dos projetos ligados à Internet está vinculada às universidades justificaria essa mudança de gerenciamento, supondo-se que a RNP garantiria critérios menos comerciais e mais descentralizadores para a obtenção de senhas de acesso.
Segundo a Embratel, que ainda não desistiu de explorar o filão, a RNP é largamente subsidiada e não tem experiência comercial. O número de usuários da Internet no Brasil, cerca de 50 mil, ainda caracteriza um mercado pequeno, que pode ser gerido a partir de tarifas simbólicas. No entanto, o fato de que os EUA já contam com 19 milhões de usuários indica bem o potencial de expansão no setor.
Espera-se então que interesses tão diferentes como o científico e comercial possam ser conciliados em breve. Disso depende a plena inserção do Brasil em uma tecnologia de ponta mundial.

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