São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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CUT faz greve em defesa do monopólio

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Petroleiros, telefônicos, eletricitários, previdenciários e funcionários públicos das universidades federais, da base da CUT, iniciam greve hoje, a partir da 0h, por tempo indeterminado.
Os trabalhadores do Correio também devem realizar paralisação de 24 horas hoje.
Eles se colocam contra as reformas constitucionais do governo FHC, tidas como ``neoliberais", contras as privatizações do Correio e do setor elétrico e defendem o monopólio dos setores de petróleo e telecomunicações.
Há também reivindicações salariais, como o cumprimento de acordos já assinados, reajuste mensal pelo índice de inflação do Dieese (órgão econômico dos sindicatos) e reposição das perdas.
``Se o governo for inteligente, ele senta para negociar", afirmou o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
Segundo ele, as categorias vão à greve pois estão ``sentindo seus direitos ameaçados".
``Os petroleiros vão parar de norte a sul", disse o coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Antonio Carlos Spis.
Os telefônicos também estão ``afiados" para a greve, segundo Marcelo Beltrão, da Fittel (Federação Interestadual dos Telefônicos). Em São Paulo, cujo sindicato não é filiado à CUT, os telefônicos não vão aderir à paralisação.
Beltrão disse que, no primeiro momento, serão afetados somente os serviços de instalação, transferência e reparação dos telefones.
``Mas se as máquinas de telefonia quebrarem, não serão concertadas", afirmou ele.
Entre os eletricitários, devem parar os funcionários da Eletrobrás e das usinas geradoras de energia, como Furnas, Eletronorte e Eletrosul, além da Light, segundo José Maria de Almeida, secretário de organização da CUT e presidente do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, antiga Convergência Socialista).
Segundo ele, também os ferroviários e demais funcionários públicos federais devem aderir à paralisação nos próximos dias.
``Plenária dos servidores federais, no domingo, já votou pela greve", disse Zé Maria.
Isso significa que, além de hospitais, prontos socorros, postos do Instituto Nacional de Seguro Social, universidades federais, que já serão afetados pela greve hoje, também podem parar a Receita Federal, os ministérios, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, entre outros.
Os trabalhadores do Correio optaram por uma paralisação de 24 horas. ``Nosso processo de organização ainda não está muito avançado", disse José Aparecido de Oliveira, o Cidão, da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores nos Correios).
Ontem, a categoria ainda realizava assembléias em diversos Estados para decidir sobre a greve. ``Vamos nos reunir no dia 5, 6 e 7 e podemos voltar com uma paralisação mais forte depois", afirmou.
A Força Sindical promete parar metalúrgicos nos próximos dias em defesa da privatização.

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