São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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FHC decide adiar a reforma ministerial

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso está decidido a manter intacta a atual equipe de ministros, pelo menos até que o Congresso Nacional aprove a primeira parte da reforma constitucional.
FHC afirmou ontem à Folha, por intermédio de sua assessoria, que a decisão de não mexer no ministério vale também para a ministra da Indústria e Comércio, Dorothéa Werneck.
``Ela não é ministra porque é mineira, tucana ou tem apoio político", disse Fernando Henrique.
Renegada até pela bancada do PSDB de Minas, onde tem sua origem política, Dorothéa se transformou no principal alvo dos políticos que reclamam uma reforma ministerial imediata.
Em várias conversas que manteve ontem com políticos, FHC desestimulou qualquer pretensão dos partidos em alterar a equipe de governo quatro meses após a posse.

PPR negocia
O PPR (Partido Progressista Reformador) começou a negociar formalmente ontem a participação na base de apoio ao governo no Congresso.
Fernando Henrique conversou com o líder do partido no Senado, Esperidião Amin (SC), mas não acenou com nenhuma possibilidade de o PPR ganhar um ministério.
Amin foi adversário do tucano na disputa pela Presidência da República em 94. A principal liderança nacional do PPR é o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf.
FHC também desautorizou reivindicações por mudanças na equipe de ministros sustentadas pelo PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro).
``O tema, no momento, é inconveniente", concluiu o líder peemedebista, senador Jáder Barbalho (PA), à noite, após uma reunião com o presidente da República.
Antes da reunião, o líder do PMDB na Câmara, Michel Temer, disse que insistiria na transformação da atual Secretaria de Políticas Regionais, comandada pelo peemedebista Cícero Lucena, em Ministério do Interior.
Temer chegou a afirmar: ``É um dever do PMDB insistir na reformulação ministerial". Quatro horas depois desta declaração, os líderes do PMDB saíram do Planalto convencidos de que FHC não mexerá na equipe ministerial.

Reforma
O presidente não marcou prazo para manter intacta sua equipe de ministros. Interlocutores de FHC nos principais partidos governistas apostam, porém, numa reforma no segundo semestre.
Antes de qualquer mudança, o presidente quer ver aprovadas as primeiras cinco emendas constitucionais que enviou ao Congresso para abrir a economia a investimentos privados e externos.
O apoio dos partidos às emendas, nos dois turnos de votação das emendas na Câmara e no Senado, serviria de base para a futura composição do ministério.

LEIA MAIS
Sobre a reunião de FHC com líderes do PMDB à pág. 1-5

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