São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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Fleury quer impugnar vitória quercista

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho decidiu solicitar à Justiça Eleitoral a impugnação da convenção de domingo que escolheu a nova direção regional do PMDB.
Fleury alega que o grupo adversário, comandando pelo também ex-governador paulista Orestes Quércia, obteve liminar bloqueando a votação em seis dos Diretórios Zonais (dos bairros), nos quais Fleury garante que obteria ao menos 34 votos.
``Com isso, chegaríamos mais ou menos a 35% dos votos, que era o resultado que eu esperava", disse Fleury à Folha.
A impugnação não impede, no entanto, que Fleury já examine a hipótese de deixar o PMDB por um dos seguintes partidos: PDT, PTB, PFL ou PL, ``não necessariamente nessa ordem".
Só descarta o PSDB, talvez porque, assim que a Folha anunciou essa hipótese, o governador Mário Covas, principal liderança regional dos tucanos, tenha dito que não o aceitava.
Seguem-se os principais trechos da entrevista que Fleury concedeu ontem, por telefone.

Folha - O sr. já está recuperado do domingo?
Luiz Antonio Fleury Filho- Sem querer fazer o jogo do contente, estou satisfeito por duas razões. Primeiro, porque é a primeira vez que alguém enfrentou o Quércia. Outros saíram do partido apenas para não enfrentá-lo.
Segundo, porque os 25% que obtive foram autênticos. Quem esteve conosco foi gente que sabia que a briga seria feia mas resolveu enfrentá-la. Houve gente que não foi votar porque sofreu ameaças. Foi enfim uma convenção ao velho estilo quercista. Eu fui dormir tranquilo, mas não sei se ele também pôde dormir tranquilo.
Folha - Quando o sr. diz ``velho estilo quercista", é de se supor que sempre foi assim e, no entanto, os dois foram aliados durante muito tempo...
Fleury - Antes, nunca houve uma disputa dessas. Logo, não houve necessidade do emprego de métodos como os utilizados agora. De novo sem fazer o jogo do contente, posso dizer que estou satisfeito porque, primeiro, eles disseram que sequer conseguiríamos formar chapa e nós conseguimos. Segundo, eles disseram que fariam 80% dos votos, o que lhes daria a totalidade da Executiva.
Agora, vou analisar com o meu pessoal alguns passos para a frente. O primeiro é a participação ou não na eleição do Diretório Regional. Provavelmente, não vamos participar. Segundo, se vamos ou não continuar no partido.
Folha - Também nesse segundo passo, vale o ``provavelmente não"?
Fleury - Vamos ver. Temos que esperar até a eleição do Diretório Regional e também ver como fica o PMDB nacional. Eu tenho mais influência fora do que dentro de São Paulo e não quero precipitar agora uma decisão que influencie a análise que o partido fará sobre o seu relacionamento com o governo Fernando Henrique Cardoso.
A atitude (deles, dos quercistas) é a de me excluir do partido. Eu já disse e repito: o partido vai ter que decidir entre ouvir a voz do Quércia ou ouvir a voz das ruas (Fleury diz ter pesquisa que demonstra que sua imagem pública é bem melhor do que a de seu agora rival no partido).

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