São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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Bandeira diz que fugiu no mesmo avião de PC

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

Jorge Bandeira de Mello declarou ontem à Justiça argentina que está vivendo em Buenos Aires há um ano e meio. Ele deixou o Brasil em 30 de junho de 93, no mesmo jatinho em que o seu ex-sócio, o empresário Paulo César Farias, o PC, fugiu do país.
Abatido, com mais cabelos brancos e dez quilos mais magro, Bandeira chegou ao Juizado de San Isidro, na Grande Buenos Aires, para depor com a mão esquerda algemada à de um agente da Interpol (associação de polícias federais). Ele usava terno cinza.
Durante o tumulto provocado por cinegrafistas e fotógrafos, o ex-sócio de PC teve um princípio de desmaio. Só não caiu porque foi amparado pelo diretor da Interpol argentina, Angel Molinari.
Bandeira chegou ao juizado às 11h50 e saiu às 14h30. Quatro advogados do escritório Daray Ricca, de propriedade de Luiz Felipe Ricca, o mesmo que defendeu PC há mais de um ano, acompanharam o piloto.
Ao deixar o juizado, Bandeira estava mais relaxado. Mascava chicletes e tirou a gravata e o paletó. Evitou falar com os jornalistas, mas sorriu quando lhe perguntaram se estava aliviado por voltar ao Brasil.
Ricca acompanha pessoalmente o caso Bandeira desde a prisão, no último domingo.
Ele estava com Bandeira no momento em que foi detido pela Interpol argentina, no domingo, ao se encontrar com a mulher, Maria de Fátima, e a filha Marina. Elas viajaram para comemorar hoje o aniversário de 44 anos do piloto.
Molinari disse que há mais de um ano a Polícia Federal brasileira e a Interpol trabalhavam em investigações que indicavam que Bandeira estaria vivendo em um dos países do Cone Sul -Argentina, Uruguai e Paraguai.
O próprio Molinari afirma que Bandeira usava documento brasileiro de identidade, com nome verdadeiro.
Não é exigido passaporte para entrar e sair de países do âmbito do Mercosul -Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Bandeira declarou ao juiz que ele e PC desembarcaram no aeroporto de Dom Torcuato, na Grande Buenos Aires. Depois disto, ele que se hospedou num hotel de San Isidro.
Logo depois mudou-se para um apartamento na rua Soldado de La Independencia, no Bairro Belgrano. Marquevitch disse à Folha que nenhuma autoridade policial tinha feito até aquela hora uma busca no imóvel em que Bandeira vivia.
O pedido de extradição foi entregue às 17h ao ministro das Relações Exteriores da Argentina, Guido di Tella.
Nem a mulher e a filha acompanharam o depoimento de Bandeira. O vice-cônsul do Brasil em Buenos Aires, Osvaldo Monteiro, atuou como intérprete do piloto.

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