São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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Acesso comercial à rede só virá em dois meses, afirma secretário

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário de Informática do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ivan Moura Campos, afirmou que não será possível implantar o acesso comercial à rede Internet no Brasil antes de dois meses.
Em entrevista exclusiva à Folha, ele afirmou que este é o prazo mínimo para que o sistema Telebrás coloque em disponibilidade as linhas de transmissão que vão permitir a conexão dos usuários à Internet.
Desde o início da semana passada, quando o Ministério das Comunicações definiu que a responsabilidade pela administração da rede comercial da Internet caberá ao Ministério da Ciência e Tecnologia, Campos tornou-se o principal responsável pelo assunto dentro do governo.
A seguir, os principais trechos da entrevista.

Folha - Como funcionará a rede comercial Internet?
Ivan Campos - Ainda estamos estudando a arquitetura desta rede. Defendo a construção de uma infovia (estrada da informação) custeada pelo governo federal e pelos governos estaduais. A União teria um custo de R$ 1 milhão por mês, aos preços atuais, mas milhares de pequenas empresas poderiam atuar como provedoras de acesso à Internet, porque pagariam apenas o custo da conexão até o ponto mais próximo dessa infovia.
Folha - A Embratel anunciou a inauguração do serviço comercial da Internet na última segunda-feira. O que ela pode oferecer ao usuário, neste momento?
Campos - Não sei, pergunte à Embratel.
Folha - Mas seu Ministério é agora o responsável pela administração da rede comercial.
Campos - Não quero entrar numa polêmica que não existe mais. Foi acordado que a Rede Nacional de Pesquisa, do Ministério da Ciência e Tecnologia, (que implantou a rede Internet para uso acadêmico) será melhorada e adaptada para servir de base para a participação plena da iniciativa privada no acesso comercial.
Para isso, teremos que melhorar a qualidade e a velocidade das linhas. Ainda não conseguimos alugar estas linhas de alta velocidade e, sem elas, não podemos começar a ligar as empresas à rede.
Folha - Onde as pessoas interessadas em ser usuárias do serviço terão que se cadastrar
Campos - Pelo nosso sistema, ninguém vai precisar se inscrever em lugar nenhum. Queremos que apareçam milhares, dezenas de milhares de provedores de acesso, aos quais os usuários poderão se conectar.
Folha - Em quanto tempo esta Rede Nacional de Pesquisa melhorada estará disponível?
Campos - A rede telefônica está muito congestionada em algumas regiões do país e fica difícil dizer quando teremos disponibilidade de linhas de alta velocidade. Em algumas áreas esta rede pode ficar disponível em dois meses. Só posso assegurar, com segurança absoluta, que até o final do ano teremos a infovia disponível.
Folha - De onde sairão os recursos federais para custear esta infovia?
Campos - Do governo como um todo. Provavelmente, a decisão passará pelo presidente da República. Se o governo não bancar esta infra-estrutura, só grandes empresas terão recursos para montar esta malha. Não queremos sair de um monopólio do Estado para cair no monopólio privado.
Folha - Quem paga e quanto custa hoje o acesso acadêmico à Internet, através da Rede Nacional de Pesquisa?
Campos - O custo é de cerca de R$ 200 mil por mês e quem paga é Ministério da Ciência e Tecnologia, através da CNPq.
Folha - Mas vocês têm subsídio de 90% dos custos.
Campos - Nunca usamos o subsídio que nos foi dado por decreto em dezembro de 94.

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