São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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O primeiro teste

Está prevista para hoje a primeira votação de uma emenda constitucional no plenário da Câmara dos Deputados. Espera-se que o Congresso não decepcione.
A votação da flexibilização do monopólio sobre a distribuição de gás encanado ocorre depois de uma semana em que o Executivo pareceu ganhar iniciativa. A aprovação da admissibilidade das emendas sobre a Previdência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, na quinta-feira, foi uma vitória do governo. No campo econômico, as medidas de restrição ao crédito podem dar um novo fôlego à estabilização, ajudando a reverter a deterioração das expectativas.
Apesar dos vários problemas de fundo na esfera política e dos desafios que sem dúvida persistem na economia, há hoje, portanto, um ambiente de certo modo mais otimista. Não aprovar a emenda seria como um balde de água fria nos que acalentam a esperança de que finalmente tenham início a modernização do setor público e da legislação econômica do país.
A abertura de novos setores à atuação da iniciativa privada é um modo de atrair investimentos e estimular um processo de melhoria de qualidade. A flexibilização de monopólios é imprescindível à modernização da economia nacional.
A forte resistência do fisiologismo e do corporativismo levou o governo a reduzir o ritmo -e talvez a amplitude- das mudanças constitucionais. O adiamento das reformas tributária e da seguridade social já empobreceu a agenda deste ano. Um retrocesso nas emendas referentes à ordem econômica seria extremamente prejudicial às expectativas de estabilidade.
Já se tornou comum afirmar que o problema do Brasil é político. É claro que essa avaliação não se restringe ao comportamento dos Poderes constituídos. Mas sem dúvida a votação em pauta na Câmara dos Deputados ajudará a sinalizar se os impasses e distorções do país começarão a ser enfrentados.

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