São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A reforma do BB

Esta Folha divulgou ontem um estudo interno do Banco do Brasil que identifica agências deficitárias, sem viabilidade econômica, e propõe o seu fechamento.
Ele sugere um posicionamento realista em favor da adaptação da anacrônica estrutura do banco às implacáveis mudanças no cenário interno e internacional. Um posicionamento aliás felizmente conflitante com o exibido pelo poder público nos últimos tempos no país.
Nesse sentido, o presidente do BB, Paulo Ximenes, afirmou, num comunicado, que o banco utiliza hoje menos recursos do Tesouro e que vem promovendo mudanças administrativas internas que ``permitam ao banco firmar-se como empresa moderna, competitiva, auto-sustentável e, principalmente, geradora de lucros".
Se a intenção é elogiável, a argumentação só faz confirmar as históricas suspeitas de que o desempenho do BB deixa muito a desejar. Utilizar recursos do Tesouro e não estar firmado como auto-sustentável é uma performance que contrasta gritantemente com os bancos privados, não só auto-sustentáveis como altamente lucrativos.
A Folha informou ainda que o governo, por razões políticas, já retirou 94 agências da lista de 349 apontadas como irrecuperáveis e passíveis de fechamento.
O pior é que superar esses muitos obstáculos e pressões e levar efetivamente a bom termo o processo de enxugamento do BB não passa da tarefa mínima, básica, que cabe ao governo cumprir.
Realizar essa reforma não prejudica a premência de se promover um outro debate, sobre a própria existência de um banco oficial no país. É um tema no qual ainda se está devendo à população um debate amplo, isento e sem preconceitos e que tenha como prisma o interesse de toda a sociedade.

Texto Anterior: O primeiro teste
Próximo Texto: O 11º país do futuro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.