São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 1995
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Toyota e Nissan descartam repasse a preços

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Duas indústrias automobilísticas japoneses nos EUA, a Toyota e a Nissan, anunciaram ontem que, pelo menos, durante um mês não repassarão ao consumidor o custo das novas tarifas de importação sobre seus carros.
A partir de sábado, os importadores de 13 modelos de automóveis de luxo japoneses começarão a pagar impostos de 100% sobre o seu valor se, até 28 de junho, EUA e Japão não chegarem a um acordo comercial.
A importação desses modelos no ano passado somou US$ 5,9 bilhões. Os preços finais desses veículos vão de US$ 28 mil a US$ 53 mil. Com o novo imposto, passarão a custar de US$ 47 mil a US$ 89 mil.
A Toyota e a Nissan se dizem dispostas a arcar com prejuízos de centenas de milhares de dólares para não abrirem mão de sua fatia do mercado norte-americano. A legislação dos EUA não as impede de agir assim.
O Japão apresentou queixa contra os EUA junto à Organização Mundial do Comércio, em Genebra, Suíça. O caso entre os dois países será o primeiro teste importante da eficácia da organização, instalada em 1º de janeiro.
Os dois países receberam da OMC prazo de 60 dias para resolver o impasse em negociações bilaterais. Se isso não ocorrer, a entidade poderá intervir para decidir o contencioso.
Os EUA se queixam de que o Japão não abre seu mercado automobilístico para os produtos norte-americanos. O Japão acusa os EUA de tentarem impor cotas de importação, o que contraria o princípio do livre comércio.
O presidente dos EUA e o primeiro-ministro do Japão terão a chance de resolver o problema pessoalmente, quando se encontraram, em 15 de junho, em Halifax, Canadá, durante a cúpula do Grupo dos Sete (países mais ricos).
Os EUA têm tido crescentes déficits na balança comercial com o Japão. No ano passado, foi registrado recorde de US$ 65,7 bilhões. Cerca de dois terços são provocados pela indústria automobilística.

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