São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 1995
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Casa Centro pede concordata em SP

NELSON BLECHER; MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

A rede de eletrodomésticos Casa Centro (Cukier & Cia Ltda) requereu ontem concordata preventiva à 39ª Vara Cível de São Paulo.
O juiz Virgílio de Oliveira Júnior concedeu prazo de 45 dias para que a empresa junte os documentos necessários para instruir o processo: balanço contábil, livros fiscais e relação dos credores.
A Casa Centro, cuja dívida junto aos credores atinge R$ 300 milhões, propõe o pagamento em duas parcelas anuais, sendo a primeira correspondente a 40% do valor total, acrescido de correção monetária e juros de 6% ao ano.
Em seu pedido, o advogado Renato Luiz de Macedo Mange alega que o aumento das taxas de juros, em razão das medidas governamentais para conter o consumo, trouxe dificuldades para a renovação das linhas de crédito bancário.
O fluxo de caixa (entrada e saída de dinheiro) também foi prejudicado, segundo o advogado, pelo fato de alguns bancos terem debitado de forma precipitada ``valores inexigíveis" (que não deveriam ser cobrados) na conta-corrente.
É também citado no documento que o ``vazamento" para a imprensa das dificuldades da empresa ``está inviabilizando sua operação normal".
``A empresa tem, no momento, um desequilíbrio financeiro que se tornou insuportável", afirma Mange no pedido de concordata.
Segundo ele, desde o Plano Collor a Casa Centro vem sendo obrigada a recorrer a empréstimos bancários para sustentar seu capital de giro (dinheiro necessário para as operações diárias da empresa).
A Casa Centro foi fundada em 1968, quando o empresário Abram Cukier, controlador do grupo, transferiu para São Paulo os negócios, iniciados vinte anos antes na cidade de Telêmaco Borba (PR).
Em nota distribuída ontem, a empresa informa que suas lojas continuam operando normalmente no atendimento aos clientes e que manterá ``o mesmo comportamento discreto que a caracterizou até hoje".
Uma das cinco maiores cadeias de eletrodomésticos do país, a Casa Centro emprega 1.000 funcionários. Ontem, representantes de 25 bancos -que detém a maior parcela da dívida, cerca de US$ 200 milhões- se reuniram em São Paulo para avaliar a situação.

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