São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 1995
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Pop vive de reciclagem

BIA ABRAMO
DA REPORTAGEM LOCAL

Falar em revival no terreno da música pop não tem nem graça. Afinal, desde sua origem, o pop vive sob a inexorável lei de Lavoisier -nada se perde, nada se cria. Tudo se transforma.
Desde o ano passado, estamos em pleno revival dos anos 80. Do neopunk arrumadinho de bandas como Green Day, Offspring e Oasis ao que os semanários ingleses chamaram de a ``new wave da new wave" de bandas como Elastica e Supergrass, o pop parece padecer de saudades do Sex Pistols, Ramones, Clash, Joy Divison, Siouxsie, Smiths....
O irônico é que os grupos que hoje são a referência para as bandas novas também estavam reciclando, de alguma forma, sons e atitudes do passado. Echo & The Bunnymen, Cure e Jesus & Mary Chain reinventaram o psicodelismo; o ``mod" do The Who, o ``art rock" do Velvet Underground, o soul e até a bossa nova foram todos objetos de releitura.
Uma espinhosa discussão da crítica de música pop e do jornalismo cultural pretende distinguir o que, de fato, constitui uma influência criativa ou o que simplesmente está reembalado.
No caso da geração 90 já se decidiu: o que essas bandas estão praticando é pura derivação. A revista inglesa ``Vox", por exemplo, incluiu o primeiro CD do Elastica em uma matéria sobre discos de versões. É brutal, mas não chega a ser exatamente injusto.

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