São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 1995
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Chirac toma posse e nomeia Juppé seu premiê

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

O presidente da França, Jacques Chirac, empossado ontem, confirmou Alain Juppé como primeiro-ministro do novo governo.
Juppé, 49, toma posse hoje de manhã e nomeia à tarde o ministério, uma coalizão da RPR (Reunião Pela República, direita) e da UDF (União pela Democracia Francesa, centro-direita).
O novo presidente, 62, tomou posse em uma cerimônia sóbria no palácio do Eliseu, pela manhã.
Chirac teve um encontro a portas fechadas, durante uma hora, com seu antecessor. François Mitterrand, 78, lhe transmitiu segredos como a senha das armas nucleares (leia texto nesta página).
O ex-presidente deixou o palácio em carro oficial. Simpatizantes de Chirac o vaiaram, enquanto aliados de Mitterrand jogavam rosas, símbolo do Partido Socialista.
Em seguida, o novo presidente francês fez seu primeiro discurso. ``Mitterrand deixou sua marca nos 14 anos que vêm de acabar. Um novo septênio começa. Gostaria que, no final de meu mandato, os franceses constatassem que a mudança esperada se realizou."
O franco caiu ontem no mercado, devido a rumores de que Chirac decretaria uma desvalorização.
O presidente encontra hoje, em Estrasburgo (leste), o chanceler alemão, Helmut Kohl.

Amargura
O tempo colaborou para dar ao fim do mandato de Mitterrand uma atmosfera solene. A chuva fina parou quando ele chegou à rua de Solferino para uma homenagem na sede do Partido Socialista.
Mais de mil pessoas o esperavam na rua. O ex-presidente foi saudado aos gritos de ``Mitterrand, Mitterrand". Alguns cantavam a ``Internacional", hino dos socialistas. Uns tinham rosas nas mãos, outros choravam.
``Não sinto a menor ponta de amargura", garantiu, em discurso de improviso de quase uma hora.
Ele elogiou Lionel Jospin pelo resultado na eleição presidencial (47%) e disse que os socialistas devem preparar a ``reconquista".
``Vocês são o grande partido da alternância no poder", disse. Mitterrand reconheceu que o balanço de seu governo é controverso.
``Cada um me julgará. Não me abstenho de analisar. É a opinião mais precisa possível. Assumo o que deu certo e o que deu menos certo. Mas isso é outra história."
Ele falou sobre seu câncer na próstata: ``Entro no último estágio da minha vida. Não deve ser muito longo. Não pela doença, mas porque envelhecemos. Conheço as estatísticas de esperança de vida."
Os socialistas lhe ofereceram de presente um Twingo (carro popular da Renault). O ex-presidente ainda não resolveu se aceita.
A chuva voltou com força após a saída do ex-presidente. O único momento de sol, ontem, em Paris, foi justamente às 16h, quando o novo presidente percorreu os Champs-Elysées.
Chirac iniciara o dia com gesto simbólico: visitou o túmulo de Charles de Gaulle (1890-1970), presidente de 1959 a 1969 e inspirador da RPR, em Colombey-les-Deux-Eglises (norte).

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