São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 1995
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Governo aumenta tarifas

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia, Domingo Cavallo, esperou apenas a reeleição do presidente Carlos Menem para promover um aumento dos preços públicos, já chamado de ``tarifaço".
As contas de luz e gás de maio virão com aumentos de até 7%.
Desde o plano de estabilização, em abril de 1991, não havia reajuste de luz e gás. Os reajustes estavam represados por causa das eleições de 14 de maio.
O próximo aumento deve atingir os combustíveis, com efeito imediato sobre a inflação.
Durante a campanha eleitoral, tanto o presidente Menem quanto Cavallo, disseram que não haveria aumentos ou surpresas após 14 de maio por causa da estabilidade.
Como grande parte das tarifas públicas estão sem reajuste desde abril de 91, os argentinos chamaram os aumentos de gás e luz, que variam de 3% a 7%, de ``tarifaço".
Desde abril de 1991, a Argentina tem inflação anual baixa. Para este ano, a projeção do Ministério da Economia é de menos de 4%.
Cavallo continuou ontem reunido com seus principais assessores para definir a reforma do sistema financeiro, novos cortes no Orçamento Federal, privatização de bancos estatais e reforma administrativa.
O Banco Central prorrogou por mais 30 dias a suspensão das instituições financeiras Departamental, Austral, Interbono, Pecunia, Créditos Luro e Tarraubella.
Essas seis entidades estavam suspensas desde 17 de abril, pelo período de 30 dias.
A prorrogação mostra que a equipe de Cavallo ainda não chegou a um consenso sobre o que fazer com os 40 bancos insolventes -incapazes de pagar os compromissos em dia.
A maior dificuldade de Cavallo é a resistência dos bancos de primeira linha (grandes instituições com crédito suficiente e credibilidade junto ao mercado) em incorporar as entidades com problemas.
Isso deve impedir que a reforma financeira seja ágil, apesar do financiamento externo de US$ 2,5 bilhões, do FMI (Fundo Monetário Internacional), do Banco Mundial e de bancos comerciais.
O presidente do Banco Central, Roque Fernandez, reconhece que o processo de reforma do sistema financeiro "lamentavelmente está muito lento. Ontem ele comandou a primeira operação de socorro do fundo especial.
O Banco de Caseros (ex-Banco Cuenca del Plata) foi convertido em sociedade anônima.
Isso que dizer que o banco passou a ter sócios, com o capital de cada um sendo representado por um número determinado de ações, negociáveis na Bolsa de Valores.
Cavallo pretende definir as regras da reforma do sistema bancário até amanhã.
O secretário de Finanças, Bancos e Seguros, Roque Maccarone, avalia que problemas jurídicos relativos às participações societárias dos bancos diminui o ritmo do reordenamento financeiro.
(SM)

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