São Paulo, quinta-feira, 18 de maio de 1995 |
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País é o maior fornecedor de folhas de coca
CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
O país aparece como o centro da indústria da cocaína na análise do seu ``desempenho" em 1994 no mundo do narcotráfico. Dizem os norte-americanos que ``60% do suprimento mundial de folhas de coca é colhido no Peru, país que exibe um grave problema de militares envolvidos em corrupção". A preocupação do governo dos EUA com a situação no Peru se deve ao fato de que, nos Estados Unidos, existem hoje 2,1 milhões de usuários de cocaína. Os gastos com o universo de drogados chegam a US$ 67 bilhões por ano. As folhas de coca colhidas no Peru são levadas para a Colômbia, onde os cartéis da droga processam a cocaína. Estima-se que os cartéis colombianos lucrem anualmente US$ 200 bilhões. Há uma controvérsia no tema da produção de folhas de cocaína. A revista norte-americana ``High Times", que há 25 anos se dirige aos consumidores de drogas, decretou a ``morte" da cocaína em 1981. Em editorial, a publicação pedia que os consumidores parassem de usá-la porque ``mais importante do que consumir cocaína é a preservação das instituições democráticas da América Latina". É justamente por isso que as Organização das Nações Unidas (ONU) dedicou ao tráfico de drogas duas convenções de cúpula. Teme-se que surjam na América Latina e na Eurásia Pós-Soviética o que é conhecido como ``narcocracia": a democracia cujos candidatos tenham sua campanhas financiadas por traficantes. O presidente peruano, Alberto Fujimori, costuma dizer que não há viciados em seu país -mas apenas indígenas que cultivam as folhas de cocaína como artifício fundamental para rituais esotéricos. Os estudiosos do folclore peruano sustentam que devido aos problemas provocados pela altitude (dor de cabeça e fadiga), as folhas de coca devem ser consumidas por algumas parcelas da população. Texto Anterior: Sexualidade marca arte andina Próximo Texto: Guerra à inflação e ao terror decide eleição Índice |
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