São Paulo, sábado, 27 de maio de 1995 |
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O apelo
NELSON DE SÁ
- Faço um apelo. Eu apelo para que voltem ao trabalho. Eu disse que nós respeitaríamos até o final a decisão da Justiça, mas também sempre disse que a disposição do governo e da Petrobrás é de dialogar. Ele falou aos petroleiros, eles que estavam decidindo ou vão decidir se voltam, em suas assembléias. O porta-voz de Fernando Henrique também foi conciliador, também falando diretamente aos petroleiros, nos telejornais de ontem: - A porta do diálogo estará aberta tão logo se normalizem as relações de trabalho. Quer dizer, tão logo termine a greve. O presidente resolveu falar, finalmente, porque saiu a nova decisão da Justiça, contra a greve. Era a desculpa, ou a oportunidade para o fim. A oportunidade, pelo jeito, se perdeu. Pior, radicalizou os grevistas. ``Os líderes decidem continuar a paralisação e a CUT já fala em greve geral" foi a manchete do TJ. Nas manifestações da CUT apresentadas ontem, viam-se faixas como ``o Brasil não está à venda, abaixo a privatização" e ouviam-se palavras de ordem como ``a greve é legal, aqui é o tribunal", em Cubatão. A greve geral, o combate às reformas, o desacato à Justiça -a justificativa salarial ficou definitivamente para trás, e agora o conflito, mais do que político, é institucional. Não veio A Cultura produziu e a Rede Brasil também mostrou uma das primeiras cenas tocantes da longa greve dos petroleiros, que já é recorde. Uma cena que dá bem a idéia do impacto do corte dos salários. Foram mostradas a apertada casa, a família com dois filhos pequenos e as dificuldades de um petroleiro de Mauá. - Edivaldo Félix da Silva acumula dívidas, já raciona a comida e consegue um pouco de dinheiro com a mulher, que pinta pequenos tapetes. Sem a arrogância dos líderes sindicais, o petroleiro gaguejou e evitou olhar para a câmera ao mostrar o holerite: - Por mínimo que seja, a gente depende desses... desse salário. E, como vocês podem ver, aqui no extrato, não tá... não veio os proventos... teria que ter vindo. Texto Anterior: Produtores pedem mais subsídio Próximo Texto: Anistia denuncia adido militar a FHC Índice |
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