São Paulo, sábado, 27 de maio de 1995
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Rede Cultura entra em estado de greve

ELVIS CESAR BONASSA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os funcionários da Rede Cultura (TV pública de São Paulo) decidiram ontem, em assembléia, entrar em estado de greve contra as demissões que estão sendo feitas na emissora. A TV já demitiu 250 pessoas e deve chegar a 400, do total de 1.400 funcionários.
As demissões são motivadas pelos cortes determinados pelo governador Mario Covas no orçamento da rede, que cai de R$ 57 milhões para R$ 37 milhões neste ano.
O estado de greve é o passo inicial para a decretação da greve propriamente dita. Se houver qualquer nova demissão, os funcionários realizam nova assembléia para decretar a paralisação de suas atividades.
O deputado federal José Genoino (PT-SP) esteve presente à assembléia dos funcionários e disse que tentará estabelecer negociações com o governador Mario Covas. O deputado estadual Cesar Callegari (PMDB) entrou em contato com o presidente interino da rede, Renato Bittencourt, para buscar alternativas às demissões.
Na segunda-feira, o conselho curador da Fundação Padre Anchieta, que controla a Rede Cultura, se reúne para discutir a possibilidade de encontrar formas alternativas de recursos. Uma das idéias é vender espaço publicitário na programação.
Essa solução esbarra em proibição expressa em lei: as TVs educativas não podem veicular propaganda comercial. ``É uma briga de mercado. Com a qualidade de sua programação, a Cultura poderia disputar mercado com as grandes redes de TV, se tivesse dinheiro para isso", diz Callegari.

Critérios
Até ontem, não haviam sido esclarecidos os critérios adotados para as demissões.
Perderam o emprego, por exemplo, duas funcionárias próximas de se aposentar: Vera Roquete Pinto, 60, e Zita Bressane, 70, do departamento de documentários.
``Não se pode fazer um guilhotina fixa para corte de pessoal. É preciso ter critérios", disse Genoino, que promete fazer um discurso contra as demissões no plenário da Câmara dos Deputados na próxima semana.

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