São Paulo, sábado, 27 de maio de 1995
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EUA investigam aquisição de empresa

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

Os Estados Unidos investigam supostas irregularidades na compra da empresa de petróleo norte-americana Maxus pela YPF (Yacimientos Petroliferos Fiscales), estatal argentina privatizada em 1993. Essas supostas fraudes beneficiariam funcionários do governo Menem.
O órgão americano que controla o mercado de ações, a SEC (Securities and Exchange Commission), começou a apurar a operação de compra da Maxus após denúncia do deputado federal argentino Jorge Benedetti, da UCR (União Cívica Radical).
Em 5 de abril, a YPF adquiriu 86,7% das ações da Maxus. A operação custou US$ 800 milhões, mais US$ 1,2 milhão em débitos assumidos pelo novo dono da empresa, e foi coordenada pelo então presidente da YPF, José Estenssoro, candidato de setores do Partido Justicialista (do presidente Carlos Menem) para substituir o ministro da Economia, Domingo Cavallo.
Um mês depois, Estenssoro morreu num acidente num acidente de avião no Equador. Tinha um dos maiores salários pagos a um executivo argentino -mais de US$ 100 mil ao mês.
Segundo Benedetti, funcionários do governo Menem e da YPF teriam tido informações privilegiadas sobre a compra da Maxus. Um mês antes da concretização da compra da empresa norte-americana, esse grupo de funcionários teria comprado ações da Maxus na Bolsa de Nova York a US$ 3,30.
Uma semana antes da formalização da operação, eles teriam vendido as ações por US$ 5,50, o que significa alta de quase 70%.
Com regras mais severas do que a maioria das comissões de valores mobiliários, a SEC prevê até cadeia para quem pratica esse tipo de manobra nas Bolsas dos EUA.
A direção da YPF preferiu não fazer nenhum comentário ontem. Da mesmo forma, nenhum integrante do governo Menem quis falar sobre a investigação da SEC.
A YPF foi privatizada em 1993 e se constitui na principal empresa argentina. Teve um faturamento de US$ 4,2 bilhões em 1994.
A investigação provocou queda de 3% na Bolsa de Buenos Aires, que registrou volume muito baixo de operações: US$ 19 milhões.

Queda na arrecadação
A arrecadação de impostos continua caindo na Argentina, pelo quinto mês consecutivo. Em maio, a previsão do Ministério da Economia é de queda de 8%, cerca de US$ 340 milhões, em relação às metas definidas com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Pelo acordo com o FMI, o ministro Domingo Cavallo teria que conseguir uma arrecadação fiscal de US$ 51 bilhões em 1995. Isso representa um ganho adicional de 9,6% em relação a 94.
Essa meta dificilmente será atingida. Mais da metade da arrecadação, cerca de US$ 27 bilhões, concentra-se sobre tributos ligados diretamente à atividade econômica, cujo recolhimento vem caindo -IVA (Imposto sobre Valor Agregado) e Imposto de Renda.
O IVA é um tributo semelhante a IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) no Brasil. É, basicamente, um imposto sobre consumo. Sua arrecadação está caindo em consequência da queda das vendas.

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