São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995 |
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'Arida é íntegro', diz Delfim
FERNANDO GODINHO
O inferno astral do presidente demissionário do BC começou quando Delfim fez suas acusações. Arida foi convocado para prestar depoimentos no Congresso e acabou se desgastando junto à equipe. Delfim lamentou a saída de Arida do BC. ``O governo está perdendo um cérebro poderoso", diz. A seguir, os principais trechos da entrevista: Folha - Quando o real foi desvalorizado, o sr. colocou o BC sob suspeição ao denunciar o vazamento de informações privilegiadas. Estas suspeitas desgastaram Pérsio Arida, não só pessoalmente como também junto ao governo. O sr. se considera responsável pela saída dele do BC? Delfim - Primeiro, não acredito que esta tenha sido a razão da saída de Arida do BC. Além disso, tudo o que disse era verdade e ficou comprovado. Os bancos argentinos foram informados previamente da medida e o mercado brasileiro recebeu um comunicado em javanês. Nada disso foi desmentido. Folha - Então, por que Arida saiu do governo? Delfim - O problema dele foi defender uma posição que não era sua. Ele queria instalar uma banda cambial mais ampla, para ter mais flexibilidade de atuação. Mas como é uma pessoa íntegra, coube a ele defender uma posição diferente da que pensava. Folha - A política de juros altos, que vem sendo criticada até pelos partidos governistas, teria colaborado para a saída de Arida? Delfim - Veja só. Não se pode atribuir a ninguém, especificamente, a responsabilidade sobre juros, câmbio e outras decisões. Em política econômica, qualquer decisão é tomada em equipe. A saída de Arida do Banco Central é uma pena para o governo, que perde um cérebro poderoso. Texto Anterior: Agiotas e a poupança Próximo Texto: Covas resiste a Serra assumir economia Índice |
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