São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Frustrado acordo e greve entra hoje em seu 31º dia

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

As tentativas de acordo entre governo e petroleiros falharam ontem e a greve, que completa hoje 31 dias, continua, agora sem o Congresso como interlocutor.
O coordenador da Federação Única dos Petroleiros, Antônio Carlos Spis, admitiu, pela primeira vez, que a greve teve ``um pequeno refluxo" -na Bacia de Campos (RJ)-, em Sergipe e Alagoas. Nas refinarias, o quadro de anteontem se manteve, disse.
A questão das demissões continua a ser o empecilho para o entendimento. Os petroleiros querem o ``cancelamento" de todas as demissões já anunciadas e o governo só aceita ``rever" esses cortes.
A posição do governo foi comunicada pela manhã pelo ministro das Minas e Energia, Raimundo Brito, em telefonema ao deputado Franco Montoro (PSDB-SP).
Brito respondeu a apelo de uma frente parlamentar suprapartidária -PT, PC do B, PMDB, PSDB, PFL, entre outros partidos- no sentido de superar o impasse.
À tarde, o presidente do PMDB, deputado Luís Henrique (SC), buscou contatos telefônicos com o presidente Fernando Henrique Cardoso para tentar uma saída.
FHC se reuniu com Brito. Mas a posição do governo não mudou.
Montoro e Luís Henrique fizeram então um documento, assinados por outras lideranças parlamentares, no qual pedem a volta dos petroleiros ao trabalho. O texto faz um apelo para que a Petrobrás, na ``revisão" dos cortes, não demita ninguém.
``O governo insiste em manter retaliações e a greve continua. O documento traz uma questão muito grave, pois prevê a "revisão" das demissões", disse Spis.
O deputado Luciano Zica (PT-SP) previu uma radicalização do movimento.
Sobre a ameaça da Petrobrás, de demitir por justa causa por abandono de emprego quem não voltasse ao trabalho a partir das 18h de ontem, Spis disse que ``a categoria petroleira não tem medo de demissões".
Segundo ele, os petroleiros já têm pronta a lista de pedido de demissão coletiva que, caso necessário, será entregue à Petrobrás.
Ele denunciou que vem recebendo ameaças de morte, o que, disse, é normal durante greves.

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sobre os petroleiros às págs. 1-5, 1-6 e 3-4

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