São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Pagamento de encargos supera em US$ 510 mi financiamento externo

OLÍMPIO CRUZ NETO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Entre 1990 e 1994, o Brasil enviou mais dinheiro para fora do país para o pagamento de encargos dos empréstimos obtidos junto a organismos financeiros internacionais do que conseguiu arrecadar em financiamentos externos.
O rombo no caixa da União, neste caso, é superior a US$ 510 milhões.
A constatação é do TCU (Tribunal de Contas da União), que examinou ontem relatório preliminar feito por técnicos do órgão na área de operações de crédito externo.
Nos últimos quatro anos, o Brasil enviou US$ 4,9 bilhões -amortização, juros e comissão de compromisso- e conseguiu US$ 4,39 bilhões.
Os técnicos do TCU inspecionaram 58 projetos financiados pelo Banco Mundial, 17 pelo BID e três pela instituição alemã KFW (Kreditanstalt Fur Wiederaufbau), representando 97,3% dos contratos de operação firmados nos quatro anos.
Atrasos
O relatório ressalta que a falta de contrapartida nacional (participação brasileira no financiamento dos programas) provocou a remessa de US$ 27,59 milhões para fora do país, a título de encargos.
Isso ocorreu em decorrência dos atrasos na execução dos projetos financiados e por falhas em sua concepção.
Os auditores constataram, por exemplo, que o projeto Irrigação Nordeste não demonstra desempenho satisfatório. Três anos e oito meses depois da assinatura do contrato, foram repassados 6,3% do valor do empréstimo, enquanto a União pagou 0,8% do valor contratual a título de comissão de compromisso.
Outro projeto destacado pelos técnicos do TCU trata da formação de mão-de-obra.
``Após oito anos de execução, demonstra desempenho insatisfatório, tendo sido desembolsado apenas 18% do valor contratado", destacou o presidente do Tribunal de Contas da União, Marcos Villaça, que apresentou o relatório aos outros integrantes do TCU.

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