São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
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`Chefão 3' instaura a tragédia

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Poucas vezes um filme foi tão maltratado quanto ``O Poderoso Chefão 3" (Globo, 22h55): criticou-se nele desde o inverossímil das relações entre os Corleone e a Igreja até as deficiências de Sofia Coppola, filha do diretor, como atriz.
Visto alguns anos depois, o terceiro ``Chefão" mostra-se inferior aos demais, mas não exatamente nesses pontos. Ao contrário, com o passar do tempo, perde-se o apego à verossimilhança; as relações Máfia/Igreja aparecem como um recurso dramático feliz.
Se antes a saga do ``Chefão" mostrou o mundo do crime organizado como uma extensão razoavelmente comportada do mundo dos negócios, como mostrar os Corleone, no momento em que tentam ascender à dignidade? Através da organização em princípio mais espiritual: a Igreja.
Mas é ao subir, justamente, que o ar se torna menos respirável, e que a torpeza se manifesta ligada à alma. É por aí que Coppola fecha sua trilogia levando sua ``família" do drama à tragédia. O que antes já se insinuara, aqui se instaura em grande estilo (e com uma cena de confissão antológica).
Em tempo: o que funciona menos neste filme é uma parte do elenco, que foi excessivamente mexido. Sente-se a falta de Robert Duvall, o conselheiro da família nos filmes anteriores, por exemplo. E a atuação de Andy Garcia, tão decantada à época, está OK. Mas ele não é um sucessor à altura de Michael Corleone, isto é, de Al Pacino, o magistral.
(IA)

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