São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
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Líder do cartel de Cali é preso

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia da Colômbia capturou ontem um dos mais procurados traficantes do mundo, Gilberto Rodriguez Orejuela, o líder do cartel de Cali.
O cartel é uma organização criminosa que domina 70% do tráfico de cocaína colombiana no mundo.
Orejuela, 56, foi preso escondido dentro de um armário em um apartamento em Cali, no sudoeste da Colômbia.
A captura envolveu 150 agentes apoiados por helicópteros. O traficante foi levado preso para Bogotá, capital colombiana.
Outras pessoas foram detidas durante a operação, mas seus nomes não foram revelados pelo governo da Colômbia.
O presidente colombiano, Ernesto Samper, considerou a prisão o maior evento na guerra contra o narcotráfico desde a morte do chefe do cartel de Medellín, Pablo Escobar, em 1993.
Medellín, cidade que concentrou as decisões sobre o tráfico na década de 80, foi substituída na função por Cali após a morte de Escobar em uma operação policial.
Orejuela, que era conhecido como "O Enxadrista" por sua habilidade no comando do tráfico, é procurado em diversos países.
Os EUA haviam indiciado Orejuela e seu irmão, o co-fundador do cartel Miguel, 52, na semana passada.
O indiciamento, promovido pela Corte de Miami, envolveu 50 pessoas acusadas de formar a rede de distribuição de Cali nos EUA -inclusive o ex-responsável pelo combate às drogas do Departamento de Justiça norte-americano.
A lei colombiana impede que o traficante seja extraditado para os EUA. Ainda assim, os EUA pressionaram a Colômbia, que exporta 80% da cocaína consumida pelos norte-americanos, para apertar o cerco contra os traficantes.
Ontem, o presidente dos EUA, Bill Clinton, enviou mensagem ao colombiano Samper dizendo que a prisão de Orejuela "é uma vitória para o povo colombiano".
O cartel de Cali, diferentemente do de Medellín, evitou as táticas terroristas para intimidar os governos e os EUA.
Seu raio de ação concentrou-se no suborno de políticos. A Justiça colombiana descobriu que traficantes pagaram contas de cartão de crédito de um ministro, já preso.
Foi criada em janeiro uma força especial comandada pela Polícia Nacional e integrada por policiais e soldados, somando 6.000 homens.

Colaborou CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA, de Washignton

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