São Paulo, sábado, 10 de junho de 1995
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A lição de "O Pensador"

Filas enormes às portas dos museus tanto em São Paulo quanto no Rio. O sucesso da exposição de obras do escultor francês Auguste Rodin (1840-1917) no Brasil remete a uma clara conclusão: desde que bem divulgados, eventos culturais de gabarito têm público no país.
É bem verdade que a mostra de Rodin representa uma oportunidade única para os brasileiros. Raras vezes se teve acesso, no país, a obras de artistas estrangeiros do naipe do autor de ``O Beijo". Fazem parte da exposição não apenas as famosas ``O Pensador", ``Balzac" e ``Eu Sou Bela". Ao todo, são 60 peças que permitem a quem visita a mostra um panorama do trabalho do escultor em todas as suas fases, tarefa que todos os museus nacionais teriam dificuldades de realizar.
Raramente eles têm condição de apresentar ao público vários trabalhos de um mesmo artista. Com isso, a compreensão das características, do valor e da dimensão do conjunto da obra fica naturalmente prejudicada. Sem contar a carência até mesmo de estrutura física adequada para expor e conservar as peças que assola a maior parte dos museus brasileiros.
Para receber um convidado tão ilustre, o Museu Nacional de Belas Artes, que sediou a mostra no Rio e recebeu mais de 220 mil visitantes, e a Pinacoteca do Estado de São Paulo passaram por pequenas reformas. O público pôde admirar a beleza do trabalho de Rodin em salas bem organizadas e mantidas.
Resta perguntar por que a vinda de exposições como essa é tão rara. E por que os museus são tão pouco visitados, até mesmo por escolas.
É de se esperar que Rodin deixe no país mais do que reflexões de ordem estética. Que não somente o governo, mas também a iniciativa privada percebam que arte pode ter retorno e façam parcerias para que o autor de ``O Pensador" não seja o único a nos visitar.

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