São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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Divergência é outra 'picuinha' entre aliados

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A divergência entre o PSDB e o PFL em relação à manobra para evitar a votação dos juros de 12% ao ano marca, mais uma vez, a dificuldade de convivência dos dois partidos no Congresso.
No almoço de anteontem com os tucanos, o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou para pedir que os dois partidos parassem com as ``picuinhas".
Mas esqueceu de passar o mesmo recado para o PFL. Ontem, foi a vez de o líder do partido na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), ``alfinetar" o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP).
``A liderança do PFL tem-se firmado pela conquista, não por pressão ou ameaça", disse Inocêncio. Aníbal foi um dos autores da manobra governista para invalidar o requerimento que pede urgência para a votação do projeto.
Na última sexta-feira, enquanto Aníbal afirmava que as reformas previdenciária, do Estado e tributária seriam votadas no segundo semestre deste ano, Inocêncio dizia o contrário.
Segundo ele, a prioridade seria a regulamentação das emendas já aprovadas neste semestre. As outras reformas só seriam apreciadas em 1996. Desta vez, FHC ficou ao lado de Aníbal, afirmando que as reformas devem continuar.
Os desentendimentos vêm-se repetindo desde o início das reformas. Os pefelistas, que estão conseguindo a unanimidade dos votos de sua bancada, sempre são os primeiros a apontar as dissidências do PSDB.
Após a votação em primeiro turno da emenda que quebra o monopólio das telecomunicações, ocorrida em 24 de maio, o deputado Heráclito Fortes (PFL-PI) percorreu o plenário da Câmara com o mapa da votação. ``O PSDB teve oito dissidências, o PFL não teve nenhuma", alardeava.
Já o PSDB comemorou quando o PFL teve quatro dissidências da bancada do Maranhão na votação em segundo turno da emenda que quebra a reserva de mercado das empresas brasileiras no setor de navegação de cabotagem (entre portos).
``Começamos a virar o jogo", afirmou o deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM). ``Quero só ver quando analisarmos a emenda sobre a Previdência, que mexe com a base eleitoral", completou.
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, chega a rir das picuinhas. ``Às vezes, as coisas desandam um pouco, mas a gente acaba colocando nos trilhos outra vez", disse. Em seguida, completou: ``Os amores sempre têm estes intervalos",

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