São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Carros são responsáveis por déficit com Argentina

FERNANDO GODINHO; GUSTAVO PATÚ

FERNANDO GODINHO
Coordenador de Economia da Sucursal de Brasília
Desde a implementação do Mercosul -em janeiro deste ano- até abril último, as importações brasileiras feitas na Argentina superaram as exportações para aquele país em US$ 459,59 milhões. O setor automotivo argentino é o principal responsável pelo déficit comercial do Brasil em relação àquele país. Foram importados US$ 252,22 milhões em veículos, autopeças e outros componentes do setor automobilístico argentino. Estes números demonstram que a pauta de exportação da Argentina para o Brasil depende, principalmente, do setor automotivo.
Daí os protestos argentinos contra o regime de cotas criado pelo Brasil, principalmente quando se leva em consideração que as vendas de carros no mercado interno daquele país caíram 30% nos cinco primeiros meses deste ano, segundo os fabricantes locais. As exportações do setor automobilístico argentino para o Brasil representaram 54,87% de suas vendas para o seu principal parceiro no Mercosul (formado ainda pelo Paraguai e pelo Uruguai) entre janeiro e abril deste ano.
Neste setor da economia, a Argentina também exporta uma série de autopeças e componentes para montadoras instaladas no Brasil. Ao mudar as regras das importações de automóveis, o governo FHC dá aos exportadores argentinos o mesmo tratamento recebido pelos exportadores brasileiros. Desde 1991, o volume de importação da indústria automobilística argentina está vinculado às suas exportações e os importadores autônomos também estão submetidos a um regime de cotas.
Nota
O Ministério das Relações Exteriores divulgou ontem nota oficial para contornar o mal-estar provocado pela MP junto aos parceiros do Brasil no Mercosul. Em suas 29 linhas, a nota não menciona a palavra ``cotas". O texto diz que a MP ``instituiu o
regime automotriz brasileiro". Segundo a nota, permanecem em vigor as preferências tarifárias -condições privilegiadas de comércio- negociadas entre os países do Mercosul. O Brasil se compromete, diz a nota, a iniciar conversações a partir da próxima semana ``para o estabelecimento do regime automotriz comum". Logo no início, a nota diz que ``o governo brasileiro reafirma sua determinação de manter a
abertura comercial", além de assegurar empregos e investimentos no país.
Ontem, no Rio, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, admitiu que o governo poderá rever a limitação das importações. ``Será certamente negociado um esquema que não introduza um prejuízo para nossos sócios (do Mercosul)", disse.

Colaboraram GUSTAVO PATÚ, da Sucursal de Brasília, e a Sucursal do Rio

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