São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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Eddie Van Halen vive um ano de mudanças

EDSON FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o guitarrista norte-americano Eddie Van Halen, 95 tem sido o ano das mudanças. Sua longa cabeleira deu lugar a um corte comportado. Deixou crescer um cavanhaque e parou de beber.
As mudanças pessoais do guitarrista não alteraram a música do Van Halen desde sua criação, em 77. A banda segue a mesma trilha desde 85, quando o vocalista David Lee Roth foi substituído por Sammy Hagar. Prova disso é o 11º CD da banda, ``Balance", lançado em março (leia texto neste página).
Aos 38 anos, Eddie amadureceu e é o último revolucionário da guitarra. Sua técnica de tocar com as duas mãos no braço do instrumento (hand tapping) é agora apenas um recurso expressivo, e não mais um fim em si mesma.
A turnê que promove o trabalho atual da banda lotou estádios e ginásios nos EUA e na Europa. Entre um show e outro, Eddie falou por telefone à Folha, de Barcelona, na Espanha.
``Deus me deu uma grande garrafa e eu a bebi muito rapidamente", diz o guitarrista quando lembra que precisava de mais do que um trago para vencer a timidez.
Eddie diz que o álcool não o influenciou: ``Agora que estou sóbrio, minha técnica melhorou."
Sobre o corte de cabelo, Eddie diz que foi decorrência da decisão anterior. ``Logo que parei de beber, me olhei e disse: ``Ok, agora é hora de me livrar da cabeleira'."
Falando do trabalho atual, o guitarrista lembra que a banda tinha 20 músicas para compor o disco. Oito tiveram de ser cortadas. Isso porque, segundo Eddie, o produtor do CD, Bruce Fairbaim não gosta de discos com mais de uma hora de duração.
Eddie não é capaz de negar que o trabalho atual é recheado de canções ditadas pelo apelo comercial fácil. ``I Can't Stop Loving You" é o exemplo mais marcante.
``O legal é que músicas como essa estão no CD junto com outras bem mais pesadas.Para entender o grupo é preciso ouvir tudo".
As faixas comerciais não são, segundo Eddie, compostas intencionalmente com esse fim. ``Compomos para expressar nossos sentimentos. Nossos fãs fazem nossas músicas virarem hits."
Para explicar os 18 anos de coexistência relativamente pacífica entre os integrantes da banda, Eddie aponta duas razões: o Van Halen não segue modas e o fato de ele ser irmão de Alex, o baterista.
``Quando nós surgimos as grandes novidades eram o punk e a `discothèque'. Hoje as melhores bandas tocam grunge ou rap. Nós atravessamos tudo isso e mantivemos nosso trabalho intocado."
O entrosamento entre Eddie e Alex é tão grande que o guitarrista se sente pouco à vontade tocando com qualquer outro baterista.
Eddie lembra, sem muita saudade, de dois trabalhos que fez com outros músicos. Um deles é o álbum ``Star Fleet Project" (83), com Brian May, guitarrista da extinta banda britânica Queen (``Para mim aquilo era uma brincadeira. Eu não imaginava que fosse virar um disco'."). O outro é o solo célebre que Eddie criou para ``Beat it", faixa do disco ``Thriller" (82) de Michael Jackson.
Depois do trabalho pronto, o guitarrista lembra que Jackson veio cumprimentá-lo.
``Ele se virou pra mim e disse (Eddie afina a voz): `Eu gosto dessa coisa rápida que você faz'."
A parte européia da turnê do Van halen passa nas próximas semanas pela ex-Alemanha Oriental e pela Espanha. Eddie acha difícil o grupo voltar a tocar no brasil neste ano -o que fez em 1980 ainda com o antigo vocalista.

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