São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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'Gatsby' é um desfile de moda

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Adaptações de romance para cinema apresentam, normalmente, o problema da comparação com o original, e costumam comer poeira. Mas a situação mais incômoda acontece em filmes como este ``O Grande Gatsby" (Gazeta/CNT, 20h), de Jack Clayton.
Existe uma hipertrofia da direção de arte, de tal modo que a atenção é permanentemente chamada para as roupas e para a cenografia. Em circunstâncias normais, Robert Redford é um galã que consegue camuflar a própria beleza. Aqui, ele não chega a isso.
É o tipo de interferência que arruina um filme: o acúmulo de detalhes de época, somado aos trajes zero quilômetro, produzem uma falsidade ou, na melhor das hipóteses, uma atmosfera artificial.
Outro filme que merece atenção é ``Eu Matei Lúcio Flávio" (Bandeirantes, 22h). Visto hoje e na TV, chama a atenção pela feiúra de certas cenas. Mas o enfoque de Antônio Calmon tem a virtude de ser polêmico. Ele defende Mariel Mariscot, membro do Esquadrão da Morte.
A virtude não está na defesa, mas na capacidade de explicar essa formação e suas atividades. Contextualizá-las e evitar que apareçam como uma perversão, e sim como algo cuja existência é inscrita culturalmente, numa sociedade em que a lei do bangue-bangue impera -em vários sentidos, em 1979 como agora.
(IA)

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