São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995 |
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Marília Pêra canta Gabriel, o Pensador
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Apresentada pela primeira vez há 22 anos (leia texto ao lado), a história da professora autoritária e repressora foi proibida pela censura e ganhou logo status de crítica simbólica à ditadura militar. ``Hoje, acho que isso não tem nada a ver, não vivemos mais numa ditadura. Ninguém deve ir assistir achando que a peça vai derrubar governo", diz Marília. Minimizados os fervores políticos, a nova montagem investe no teor de comédia satírica (e ácida, ressalta a atriz). Um certo tom crítico ainda persiste. Desta vez, a professora pode ser comparada não aos velhos, aos ditadores, mas à poderosa mídia -especialmente a televisiva. Segundo Marília, Dona Margarida pode ser hoje uma comunicadora, não uma professora. ``Embora isso não fique explícito, ela é uma comunicadora, dessas de talk-show. É totalmente sedutora, mas não vale nada", diz Marília. Para transmitir a velocidade da era da TV, o diretor Aderbal Freire-Filho (que dirigiu recentemente ``Kean") optou por uma montagem em ritmo de videoclipe. Aí entra o rapper Gabriel, o Pensador. ``Como o Aderbal queria uma `Margarida' moderna, sugeri a inclusão de um rap do Gabriel, que minha filha adora", diz Marília. Ele aceitou no ato. Marília destacou trechos do texto de Athayde e o rapper musicou. Remontagem Marília Pêra diz que nunca pretendeu remontar ``Margarida". ``Não pensava em fazer monólogos nunca mais, mas surgiu no ano passado um convite para apresentar uma peça em Miami e optei por `Margarida', que é um espetáculo importante", afirma. As apresentações nos Estados Unidos acabaram por se estender ao Brasil, com turnê que passa por Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Brasília, Bahia, Pernambuco, Ceará, Amazonas e Portugal. Para o próximo ano, Marília pretende estrelar como atriz uma nova montagem, ainda não escolhida. ``Só sei que quero uma grande personagem e poder contracenar com muitas pessoas", diz. Peça: Apareceu a Margarida De: Roberto Athayde Direção: Aderbal Freire-Filho Com: Marília Pêra Onde: Teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista, região central, tel. 011/251-5122) Quando: dias 16, 17, 23 e 24, às 21h, e dias 18 e 25, às 18h Quanto: R$ 15,00 Texto Anterior: Coreografias abrem a temporada em Campos Próximo Texto: Retorno ao tonalismo não livra a sinfonia de Ladermann do mal-estar Índice |
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