São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Cruz Vermelha prepara visita a brasileiro
ANDRÉ FONTENELLE
O capitão Alves, único refém brasileiro na Bósnia, já foi visitado duas vezes, na quinta e na sexta-feira passadas. Ontem, dois reféns foram apresentados pela primeira vez na cidade de Banja Luka, no norte da Bósnia. Suas nacionalidades não foram reveladas. Eles podem ser libertados hoje. Uma fonte em Belgrado afirmou que parte dos 15 observadores militares foi retida por ter colaborado nos ataques aéreos da Otan (a aliança militar liderada pelos EUA) contra posições sérvias na Bósnia, em 25 e 26 de maio. Eles teriam indicado da terra aos aviões os alvos que deveriam ser atingidos. Um paquistanês teria sido pego em flagrante. Foi em represália a esses ataques que os militares da ONU foram feitos reféns pelos sérvios. O russo Iuri Tchijik, porta-voz em Belgrado das forças de paz da ONU, disse que não há negociação com os sérvios da Bósnia e exigiu a libertação incondicional: “Tomar reféns é crime”. Mas há negociação. Ontem, no aeroporto de Sarajevo, representantes da ONU teriam se encontrado com autoridades da autoproclamada “República Sérvia da Bósnia”para debater as modalidades de libertação. Tchijik teme que o prazo anunciado pelos sérvios -até o final da semana- não seja cumprido e que os reféns sejam usados como “escudos humanos” por tempo indeterminado. “Espero que não, mas temos que continuar a pressionar”, disse à Folha. Ele não excluiu a possibilidade de que os sérvios da Bósnia adotem novas represálias contra os soldados da ONU no futuro. O porta-voz garantiu que o fato de não mais haver reféns britânicos ou franceses não reduzirá a determinação da ONU. “Continuamos absolutamente firmes em nossas posições. Só por meio de pressão contínua conseguiremos a libertação”, declarou. Tchijik considerou “perigosa” a tentativa bósnia de romper o cerco a Sarajevo. “A balança de forças é muito frágil e a situação muito volátil.” O conflito na Bósnia entre sérvios e muçulmanos (com apoio dos croatas) começou em 92. Os sérvios, que pleiteiam república própria, detém 70% do território. Texto Anterior: Para ONU, a crise dos reféns está longe do fim Próximo Texto: Líder sérvio ameaça ocupar Sarajevo Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |