São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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Para ONU, a crise dos reféns está longe do fim

ROGÉRIO SIMÕES
ENVIADO ESPECIAL A ZAGREB

O enviado especial da ONU (Organização das Nações Unidas) à ex-Iugoslávia, Yasushi Akashi, disse ontem à Folha que a crise dos reféns tomados pelos sérvios da Bósnia ainda está longe do seu final.
A declaração foi dada por Akashi no final da tarde de ontem, na base das Nações Unidas em Zagreb (Croácia), quando ele chegava de Genebra (Suíça).
Questionado sobre se achava que a crise havia terminado, como afirmou na terça-feira o líder dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic, Akashi respondeu: "Ainda não. Está longe disso."
O enviado das Nações Unidas voltou a dizer que exige a libertação de todos os reféns o mais rapidamente possível.
Ele disse não ter nenhuma informação sobre quais seriam as "razões técnicas" que levaram os sérvios a manter pelo menos 15 militares da ONU como reféns, entre eles o capitão do Exército Brasileiro Harley Alves.
Yasushi Akashi afirmou que a ONU está preocupada com a concentração de tropas do governo bósnio ao norte de Sarajevo.
"Nossa capacidade de observação é limitada, nós não sabemos exatamente quantos soldados são", afirmou. Estima-se que estejam concentrados 30 mil homens nos arredores de Breza.
Ontem à tarde, chegaram a Zagreb, em vôo vindo de Belgrado (Sérvia), 26 reféns libertados pelos sérvios na terça-feira.
No grupo estavam oito observadores militares. Um deles, da República Tcheca, era da mesma equipe do brasileiro Harley Alves.
O observador tcheco disse que esteve com o brasileiro pela última vez ontem e assentiu positivamente com a cabeça quando questionado sobre a saúde de Alves.
Os oito observadores militares foram levados para o hospital mantido ao lado do aeroporto de Zagreb, onde foram examinados rapidamente.
Nenhum apresentou problemas de saúde. No final da tarde, eles foram reintegrados à equipe de observadores. Cada um passaria a noite na casa de colegas da mesma nacionalidade em Zagreb.
O comando da ONU em Sarajevo considera como refém um grupo de 11 canadenses, bloqueados em Ilijas, ao norte da capital da Bósnia.
Os outros 15 reféns, entre eles Alves, estão em locais desconhecidos perto da cidade de Pale, a "capital" dos sérvios na Bósnia.
Além dos 26 libertados na terça-feira, 92 franceses e russos tiveram suas restrições de movimento suspensas e já são considerados livres pela ONU.

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