São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
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Líder sérvio ameaça ocupar Sarajevo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os sérvios da Bósnia preparam uma contra-ofensiva para manter o cerco a Sarajevo, em resposta à promessa do governo da Bósnia de atacar os sérvios. Os bósnios planejam romper o cerco antes do inverno (dentro de seis meses).
``O inimigo não pode esquecer que a um ataque se seguirá um forte contra-ataque sérvio, no qual ele perderá não só soldados, mas também território", ameaçou Dragomir Milosevic, comandante sérvio ao redor de Sarajevo.
Funcionários da ONU acreditam que 30 mil soldados bósnios estejam em Breza, a 20 km de Sarajevo, prontos para atacar os sérvios. As autoridades bósnias proíbem a presença de observadores militares nos locais-chave dos ataques.
Seria o maior deslocamento de tropas nos 38 meses de guerra. Milosevic disse duvidar que haja tantos soldados, mesmo que os bósnios tenham recebido apoio dos croatas da Bósnia.
O chanceler da Bósnia, Mohamed Sacirbey, acusou os sérvios de levarem mais armas para a zona ao redor de Sarajevo na qual a ONU proibiu ataques.
Os sérvios não descartam a possibilidade de que os bósnios estejam preparando ataque a posições suas no norte da Bósnia, e que a tentativa de romper o cerco seja apenas uma forma de despistá-los.
A população de Sarajevo se mostra otimista com relação à queda do cerco. ``Tenho tios e primos no Exército e acho que somos fortes o bastante para desbloquear a cidade", disse Amira, uma estudante de 16 anos.
O isolamento da cidade faz com que os seus quase 400 mil habitantes não recebam comida, água, gás e energia. Tanto as estradas como o aeroporto estão fechados.
``Já tivemos muitas baixas vendo os sérvios nos atacarem. É melhor ser morto tentando libertar a cidade do que viver nessa prisão", disse Zize, 35, soldado bósnio.
Um franco-atirador feriu um motorista civil das Nações Unidas em um subúrbio de Sarajevo. Atingido no tórax, ele foi hospitalizado. Há registros de pelo menos mais cinco feridos na cidade.
O secretário de Estado (chanceler) dos EUA, Warren Christopher, pediu ao premiê bósnio, Haris Silajdzic, que suspenda a concentração de tropas. O mesmo pedido foi feito por líderes da Otan.
O pedido não teve resultado. Silajdzic interrompeu visita que fazia a Washington por causa dos preparativos militares. ``Temos que nos prevenir, porque tememos que um ataque de terroristas sérvios a Sarajevo seja iminente."

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