São Paulo, quinta-feira, 15 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Cúpula do Povo' ataca instituições

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

Enquanto os governantes do G-7 discutem como reformar o FMI e o Banco Mundial (leia texto nesta página), o P-7 pura e simplesmente dinamita retoricamente as duas organizações.
P-7 é a abreviação para ``Cúpula do Povo" (de onde sai o P), promovida por ONGs (organizações não-governamentais), na ``Zona Verde", a seis quadras do local da cúpula oficial.
Em mensagem aos líderes do G-7, o pessoal do P-7 diz:
``O Banco Mundial financia megaprojetos destrutivos do meio-ambiente (como hidrelétricas que afetam os ecossistemas e levam à remoção de centenas de milhares de pessoas), enquanto o FMI promove políticas de reestruturação financeira que são danosas aos mais pobres entre os pobres".
A mensagem, carregada da velha retórica de esquerda, diz que políticas do FMI ``minam os pobres e enchem bolsos dos ricos".
Uma das propostas apresentadas é também velha reivindicação da esquerda: cancelar ou reduzir a dívida externa dos países pobres.
À observação de que a fraseologia da reunião está carregada da retórica, reage Bob White, presidente da central sindical Congresso Canadense do Trabalho.
``O mundo não foi governado pela extrema esquerda nos últimos 15 anos. E o resultado é uma brecha crescente entre ricos e pobres, racismo em crescimento, nacionalismo também, não só nos países em desenvolvimento como nos desenvolvidos", diz White.
O líder sindical retoma uma designação para a esquerda próxima à que se usa também no Brasil, a de que ela seria formada por homens de Neanderthal, antiga espécie semelhante ao homem (no Brasil, fala-se em dinossauros).
``Defendemos uma direção diferente (para o mundo), somos chamados de `neanderthais' e os oponentes nos pedem uma nova agenda. Mas não há nada de novo no desemprego elevado."
Ed Broadbent, presidente do Centro Internacional para Direitos Humanos e Desenvolvimento Democrático (ONG canadense), comenta o rumor de que o chanceler alemão, Helmut Kohl, traz sua própria cama, por ser grande demais para camas de hotel.
``O problema de Kohl e seus colegas do G-7 não é o tamanho da cama, mas se eles podem dormir com a consciência tranquila".
(CR)

Texto Anterior: Chirac sofre críticas em sua estréia no G-7
Próximo Texto: CANADENSES
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.