São Paulo, domingo, 18 de junho de 1995
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celebridade invisível

ROCHELLE COSTI

Na primeira vez que o viu, Renato Russo se ajoelhou. Herbert Vianna quer fazer uma música com ele. Marina já fez. E Milton, Tom, Caetano. Apesar disso, o compositor e produtor Ronaldo Bastos ainda é uma celebridade invisível. Agora, recebe o destaque merecido com o relançamento de "Cais". No álbum, diferentes gerações homenageiam um dos mentores do Clube da Esquina -movimento que, ao lado da Tropicália, revolucionou a música brasileira. Enquanto isso, Ronaldo volta a movimentar o cenário pop nacional com os lançamentos do selo Dubas, fundado ano passado.
Sorriso franco, mil histórias para contar, Ronaldo Bastos, 47, ri da sua situação peculiar. Fez fama como "mineiro", mas é carioquíssimo, com sotaque e tudo. Quando não é "o mineiro", vira o "parceiro" de Milton. "Com muita honra. Mas também sou parceiro da Marina, Edu Lobo, Lulu Santos, Cássia Eller..."
"Cais", relançado este mês (a primeira edição foi em 89), tem tudo para mudar isso. No disco, fica clara a posição de Ronaldo nessa história toda: a de catalisador, unindo estilos e maneiras de fazer música com sua visão estética única. Quem mais poderia juntar Angela Maria e Paralamas do Sucesso?
"Quis colocar nesse disco minha visão de música brasileira", explica, vestindo a roupa de produtor. "Rock ou MPB, nunca tive preconceito".
"Junkies" da esquina
Se hoje o rock nacional se esmera em acasalamentos com a MPB, Ronaldo tem muito a ver com isso. "Abrimos caminho para essa moçada. Nós possibilitamos que a música brasileira se tornasse pop".
"Nós", no caso, se refere ao Clube da Esquina, grupo formado no início dos 70 em torno de Milton Nascimento, Beto Guedes e Lô Borges (além do próprio Ronaldo). O marco é o lançamento do álbum "Clube da Esquina", em 1972.
"O Clube da Esquina" foi uma das coisas mais universalistas e modernas que já aconteceu no Brasil, diz Ronaldo, inflamado. Na sua opinião, o movimento é tão importante quanto a Tropicália. "Os tropicalistas mexeram com preconceitos culturais em relação à música brasileira. Nós revolucionamos musicalmente, mudamos o conceito de produção."
"Bonzinhos"
Discos como "Minas" ou "Geraes" (ambos de Milton Nascimento) colocaram o Brasil na era do disco como obra de autor. Do cuidado com as capas ao capricho nos arranjos, o Clube da Esquina inaugurou uma nova estética. "Na época, éramos os `bonzinhos'. Mas éramos os loucos, os junkies".
Quando aterrissou na indústria fonográfica, no final dos anos 60,

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