São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995
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Banco Central suspende planos de alívio de restrição ao crédito

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central suspendeu provisoriamente a política de aliviar as restrições ao crédito. Segundo a Folha apurou, o BC quer tempo para observar o comportamento das vendas e da inflação.
No que se refere às vendas, que medem o grau de aquecimento da economia, os sinais são confusos. Há setores que continuam parados, outros estão se reaquecendo.
Quanto à inflação, haverá uma elevação neste mês por causa dos aumentos de tarifas de ônibus urbanos em todo o país.
Observam-se também altas de preços em supermercados, na segunda semana de junho, coincidindo com aumento de vendas.
Consumo contido
O consumo de classe média permanece contido. Estão paradas, por exemplo, as vendas de eletroeletrônicos de maior valor.
Mas as vendas de alimentos e bens de menor valor se aqueceram no início de junho, por causa do novo salário mínimo de R$ 100, pago no último dia 5.
Segundo pesquisa do Datafolha, os preços nos supermercados de São Paulo, depois de quatro semanas de estabilidade, subiram 1% na semana de 7 a 13 de junho. É exatamente o período em que se gastou o salário.
A política de contenção do crédito praticada pelo BC tem exatamente o objetivo de esfriar o consumo e, assim, reduzir as pressões inflacionárias.
Redução de compulsório
Recentemente, o BC afrouxou a política, reduzindo os compulsórios (dinheiro que os bancos são obrigados a deixar depositado no BC, diminuindo a quantidade de recursos disponíveis para financiar negócios).
Os meios empresariais aguardam mais reduções, assim como queda na taxa de juros.
Iniciativa suspensa
Mas pelo que a Folha apurou, o BC vai suspender qualquer iniciativa nessa direção, enquanto observa o mercado.
Confirmado reaquecimento e mais inflação, o arrocho monetário e creditício permanece.
Ao que parece, um alívio maior deve ficar para o segundo semestre, junto com a eliminação das regras automáticas de correção de preços e salários, a indexação que realimenta a inflação.
O governo conta com inflação baixa a partir de julho, o que permitiria avançar no Plano Real.

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