São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995
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Ecstasy chega ao interior de São Paulo

ROBERTO DE OLIVEIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

O ecstasy -droga estimulante criada em laboratório na Inglaterra em 1989- começa a ser consumido em Ribeirão Preto.
A Folha encontrou alguns consumidores da nova droga em festas autodenominadas ``alternativas" da cidade (319 km ao norte de São Paulo).
Essas festas são organizados por jovens empresários da cidade e chegam a reunir mais de 500 pessoas em chácaras, fábricas e lojas desativadas, hangares e casarões antigos, entre outros ambientes.
Como o aparecimento do ecstasy é recente, não há informações precisas sobre os problemas causados ao organismo pela droga -composta principalmente do estimulante químico anfetamina.
Mas há registro de convulsões e paradas cardíacas -além de dependência- em usuários. O ecstasy é conhecido na Europa e EUA -onde também é proibida- como ``droga do amor", por aumentar a sensibilidade da pele.
``Ecstasy dá muito tesão. Você quer dançar sem parar. É uma droga que me excita", afirma a estudante Monique, 25, frequentadora das festas alternativas de Ribeirão.
Parte dos organizadores das festas afirma ter conhecimento do consumo de drogas, entre elas o lança-perfume, cocaína e ecstasy, pelos frequentadores dos eventos.
Dentro das festas, porém, o consumo de entorpecentes não é permitido pelos organizadores e o usuário pode ser barrado.
A Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes) ainda não fez qualquer apreensão de ecstasy até agora na cidade, mas não descarta a possibilidade do produto estar sendo consumido.
O Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos) apreendeu na semana passada 14 comprimidos da substância em São Paulo.
Eles dizem também receber a droga de amigos que moram fora do país. O tráfico é feito, segundo eles, por meio de encomendas enviadas pelo correio do exterior.
Os consumidores afirmam ainda que a maior quantidade de ecstasy vem de São Francisco, na Califórnia (costa-oeste dos Estados Unidos).
``Já está rolando muito ecstasy na região", diz o comerciante C.M., 22. Presenteado pelo namorado com um ecstasy numa boate em Arraial d'Ajuda (BA), ele afirma nunca ter se sentido tão bem consumindo uma droga.
``É um tesão geral. Não é de corpo, é um êxtase mesmo, como o próprio nome diz", diz M. ``Dá para comer, beber, conversar, dançar. Não é como as outras drogas. Você fica despreocupado."
A Folha apurou que, por enquanto, o consumo de ecstasy está restrito a estudantes, profissionais liberais, comerciantes e empresários de Ribeirão.
Todos são jovens, com idade entre 15 e 35 anos, pertencentes a classe média alta de Ribeirão.
``É uma droga de elite", diz Fabiola, 22, comerciante. Fabiola costuma ir dançar em São Paulo e afirma estar adorando as festas de Ribeirão, onde encontra ecstasy.

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