São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995
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Seguradoras devem receber capital externo

RODNEY VERGILI
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON (EUA)

O mercado segurador norte-americano encontra-se em plena capacidade e procura agora expandir-se em mercados emergentes, como Brasil, China e Índia.
A afirmação é de João Elisio Ferraz de Campos, presidente da Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização), ao concluir o 1º Fórum Estados Unidos-Brasil sobre Seguros, em Washington (EUA).
O encontro discutiu o estágio atual do mercado segurador do Brasil e dos Estados Unidos. O convite a 34 representantes de seguradoras brasileiras para conhecer o sistema norte-americano partiu do International Insurance Council, entidade que coordena as atividades internacionais das seguradoras americanas.
O encontro serviu para a realização de negócios. Ferraz de Campos, também presidente do Conselho de Administração da seguradora Bamerindus, disse que já marcou para o próximo mês a vinda de representantes de uma instituição dos EUA prosseguir negociações visando criar uma nova seguradora no Brasil.
Julio Bierrenbach, vice-presidente da Sul América Seguros, líder do mercado nacional, diz que existe no Brasil grandes oportunidades de atuação de empresas norte-americanas no setor de seguros de vida individual. As seguradoras dos Estados Unidos têm mercado principalmente em seguros com recebimento em vida. O seguro se torna um investimento, ou seja, se o segurado não morrer no período contratado ele mesmo recebe o dinheiro aplicado. Poucas seguradoras atuam assim no Brasil.
Segundo Bierrenback, a transferência dessa tecnologia para o Brasil pode ocorrer através da criação de uma empresa com atuação local ou associação de seguradora dos EUA com uma brasileira.
O mercado de seguros nos EUA movimentou US$ 500 bilhões em 94, contra US$ 11 bilhões no Brasil. O presidente do Sindicato das Companhias de Seguros do Estado de São Paulo, Antonio Almeida, diz que há uma série de razões para o baixo crescimento da atividade seguradora no país.
Entre as causas externas, ele cita a inflação alta e a elevada concentração de renda, o que faz com que poucas pessoas tenham dinheiro para comprar seguros.
Entre as causas internas, Almeida aponta a ineficiência dos participantes do sistema, que trabalham com custos e preços elevados.
Almeida acredita que os preços dos seguros poderão baixar se houver uma maior abertura do mercado ao capital estrangeiro e a quebra do monopólio do resseguro. Segundo ele, há interesse de resseguradoras norte-americanas em atuar no Brasil.
As seguradoras norte-americanas são basicamente independentes. Edvaldo Cerqueira de Souza, vice-presidente da Bradesco Seguros, foi o responsável pela palestra explicando a característica do mercado segurador brasileiro em que é forte a presença dos bancos.

O jornalista RODNEY VERGILI viajou a Washington a convite da Fenaseg do International Insurance Council dos Estados Unidos.

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