São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995
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Rússia cessa luta na Tchetchênia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O comando militar russo na Tchetchênia cessou todas as operações militares na região como parte do acordo para salvar as centenas de reféns russos em poder de guerrilheiros tchetchenos na cidade de Budennovsk.
“O general Anatoli Kulikov, líder das forças federais na Tchetchênia, deu ordens para cessar todas as operações militares no território da Tchetchênia”, informou a agência russa “Itar-Tass”.
A agência de notícias se baseou em declarações de Viatcheslav Mikhail, indicado pelo primeiro-ministro Viktor Tchernomirdim para liderar as negociações com os rebeldes tchetchenos.
Na última quarta-feira, os rebeldes atacaram a cidade de Budennovskk, no sul da Rússia.
Eles invadiram um hospital e fizeram cerca de mil reféns. No sábado, forças russas abriram fogo contra o hospital. Cerca de 160 reféns foram libertados poucas horas após iniciados os combates.
Segundo a “Tass”, há relatos de que mais de 400 reféns teriam sido libertados.
Tchernomirdim, em Moscou, manteve conversações por telefone com o comandante Chamil Basaiev, líder dos tchetchenos, às 19h45 (12h45 em Brasília).
O governo russo propôs um término às atividades de combate, mas não fez menção a uma retirada das forças russas da república separatista tchetchena, na região desde dezembro passado.
O premiê russo prometeu salvo-conduto aos guerrilheiros em Budennovsk, se eles libertarem todos os reféns.
Mas fontes na cidade informaram que Basaiev pediu seis ônibus para transportar rebeldes, reféns e politicos para a cidade tchetchena de Vedeno.
Basaiev se recusou a libertar mais reféns e acusou o governo de má-fé, segundo o canal de televisão independente NTV.
O canal de televisão afirma ter obtido uma transcrição da conversa do escritório do primeiro-ministro russo.
“Não vou deixá-los (os reféns) ir, porque o pânico começará. Não vou deixar nenhum deles ir hoje. Nada vai acontecer a eles”, teria dito Basaiev a Tchernomirdin.
“Não acreditamos em você. O tiroteio continua, soldados se movem em torno de nós. Não vamos libertar ninguém. Nós nos arrependemos de ter libertado os outros.”
“Quanto mais isso durar, mais difícil será conter as pessoas”, disse Tchernomirdin, de acordo com a NTV.
O presidente russo, Boris Ieltsin, retornando de uma reunião do Canadá, onde acompanhou a cúpula dos países mais ricos do mundo, pediu aos russos não fazerem justiça com as próprias mãos e pouparem civis tchetchenos de represálias.

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