São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995 |
 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Demissões Quando indagado sobre a possibilidade de que a economia já estivesse se desacelerando, o ex-presidente do Banco Central Pérsio Arida respondeu que, de fato, o governo deveria manter-se especialmente atento aos possíveis sinais de desaquecimento. Arida lembrava que há sempre uma defasagem entre a aplicação de determinada política e seus efeitos na economia. Isso foi pouco antes de deixar a presidência do BC. As 9.976 demissões líquidas registradas pela indústria paulista em maio parecem ser um sinal bastante eloquente de que a tendência de aceleração do crescimento econômico reverteu-se. Não resta dúvida quanto ao fato de que a estabilização colocou o país em um novo patamar de produção e vendas. O desafio, agora, é administrar esse crescimento de modo a evitar pressões inflacionárias, mas também a não perder o que já se ganhou. Entre janeiro e abril, a indústria paulista tinha criado 40,3 mil novos postos de trabalho. Com o resultado de maio, esse saldo baixou para 30,4 mil. É ainda um desempenho bom. Mas já se pode estar correndo o risco apontado por Pérsio Arida. A defasagem no efeito das políticas monetárias significa que, a cada momento, soma-se, ao que seria o estado natural de economia, o impacto do que fez o governo no passado. Assim, a política de juros altos que se faz hoje tende a reforçar o contenção da atividade no futuro, quando já poderia não ser desejável impor à economia freios adicionais. Há de se reconhecer que nas últimas semanas o governo vem relaxando as restrições ao crédito. Os sinais de crescimento da inadimplência, entretanto, também são inequívocos. Além do já conhecido impacto sobre os bens duráveis, as dificuldades atingiram também o pagamento de aluguéis. Segundo informou esta Folha, o número de ações por falta de pagamento subiu em 45% de abril para maio. Nos últimos meses, os fatos econômicos têm mostrado uma dinâmica impressionante. Para que não se corra atrás dos acontecimentos, a sintonia da política econômica pode estar a exigir, mais do que uma boa técnica, uma fina sensibilidade. Texto Anterior: Só o mínimo Próximo Texto: Tetra, apesar de tudo Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |