São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 1995 |
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Uma velha em flor
JOSIAS DE SOUZA BRASÍLIA - O mundo respira um inédito e progressivo ambiente de competição. Grandes impérios empresariais são sacudidos por pequenas firmas, mais ágeis e versáteis.Pleno de inovações tecnológicas e gerenciais, o mercado absorve o trabalhador especializado. E, implacável, esfarela o profissional pouco qualificado. Eliminam-se postos de trabalho em nome da reengenharia, da qualidade total. Nações com predominância de mão-de-obra barata tendem a ser escanteadas no processo de integração mundial. O sucesso econômico está associado ao conhecimento, à capacidade de inovação. Importante desde as primeiras revoluções antifeudais, a educação passou a ser ferramenta vital para os candidatos ao mercado de trabalho. Algo que deveria preocupar a todos -políticos, empresários, pais e, sobretudo, alunos. Pois neste fim de século, de costas para a nova revolução industrial, a União Nacional dos Estudantes, dividida entre o PCdoB e o PT, brinca de anos 70. Seus líderes conservam um pé na Albânia e outro em Cuba. Diz-se que a UNE renasceu com a campanha pelo impeachment de Fernando Collor. Engano, engano. A UNE não renasceu. Apenas foi descongelada. Vive 95 com a cabeça em 68. É uma jovem de bengala. Ou uma velha em flor. Entre o futuro das economias transnacionais e o passado do mundo bipolar, a UNE prefere o aconchego do ninho ideológico. Como a Carolina de Chico Buarque, a UNE não viu o tempo que passou na sua janela. Aferrada a velhos chavões, a entidade dissociou-se da sala de aula. Os estudantes sérios já não se reconhecem na UNE, e os idiotazados da geração shopping center vagam absortos, à espera de um autêntico líder estudantil. Alguém que os conduza a uma assembléia em que também se discuta a qualidade do ensino. Texto Anterior: A guerra das cotas Próximo Texto: Argentina e Brasil Índice |
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