São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995 |
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Documento militar contradiz laudo
GEORGE ALONSO
O documento, arquivado no Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) em São Paulo, revela que Seixas foi interrogado pela primeira vez entre 10h e 11h30, no DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações do Centro de Operações de Defesa Interna), ligado ao Exército. Pelo documento, a prisão de Seixas, dirigente do Movimento Revolucionário Tiradentes, aconteceu na rua Vergueiro. O documento do Exército confirma informação dada por Ivan Seixas (filho do guerrilheiro), também preso na ocasião. Já no laudo do médico-legista consta que a morte de Seixas aconteceu às 13h daquele dia, depois de ``travar violento tiroteio com órgãos da Segurança" na av. do Cursino, Ipiranga. ``O laudo só reproduz a informação da polícia. Não há como o médico saber o que aconteceu antes", disse Carlos Mílen, 40, advogado de Carneiro. O caso é apurado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) de São Paulo. Ao todo, 24 legistas são acusados de colaborar com a repressão política, assinando laudos que confirmam as versões oficiais das mortes de opositores do regime de 1964. ``Até agora, o grupo Tortura Nunca Mais não apresentou qualquer indício palpável que prove que a causa da morte não foram os tiros", rebate Milén. Segundo Ivan, seu pai morreu aos 49 anos sob tortura, e os sete tiros (citados na necropsia de Carneiro) foram disparados após a morte para justificar a versão de tiroteio. Carneiro descreveu no laudo vários ferimentos na cabeça e em todo o corpo de Seixas. Seu laudo nega tortura e conclui que a morte ocorreu por hemorragia causada pelos tiros. Em 1991, na CPI da Câmara Municipal sobre mortos e desaparecidos políticos, o policial David de Araújo Santos disse ter visto Seixas no DOI-Codi, mas negou seu envolvimento em tortura. ``Ele não foi preso por mim, não participei da pancadaria que sofreu seu pai", disse na CPI, diante de Ivan. O CRM ouve amanhã três testemunhas de acusação. A entidade mantém sob sigilo depoimento já dado por Carneiro. Texto Anterior: FHC recua nas concessões a desaparecidos Próximo Texto: Justiça decide hoje o caso Fiel Índice |
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