São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995 |
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'Uso a história como âncora' "Tenho necessidade de coação. Ela é como um estímulo" WERONIKA ZARACHOWICZ
Recentemente, destacou-se com dois monumentos marcantes -a Catedral de Évry (Essone/França) e o Museu de Arte Moderna (San Francisco/EUA). Em entrevista ao World Media, ele fala de seu diálogo constante com a memória histórica. Para esse pós-antigo -como ele prefere se definir-, o panteão permanece como um exemplo de arquitetura, por sua capacidade de atravessar os séculos. A seguir, os principais trechos. * World Media - Qual é a sua obra-prima? Mario Botta - A próxima! World Media - O senhor vive em Lugano (Suíça). É uma escolha viver fora da cidade? Botta - Trabalho aqui porque nasci aqui. Gosto de me nutrir dos anticorpos desse local, dessa memória histórica. E trabalhar para a cidade é uma necessidade. A cidade é para o arquiteto o que o museu é para o artista. É um lugar de confrontação com a história de seu próprio tempo. World Media - O interesse pela história é a razão do seu trabalho? Botta - O arquiteto é um instrumento da história. E é verdade que, por um feliz acaso, minhas últimas construções -o Museu de Arte Moderna e a Catedral de Évry- têm um forte significado histórico. Em ambos, os valores funcionais passam para segundo plano, o que, aliás, é criticado. O museu atual é o que eu chamaria de catedral laica. É um lugar privilegiado para as atividades do espírito. É um lugar de recolhimento, onde se vai à procura de valores, expressos através das obras. World Media - Como seu trabalho evoluiu? Botta - Não se nasce arquiteto, a gente se torna. Meu trabalho tem princípios muito simples. Primeiro, tenho a idéia de uma casa, um abrigo. Em seguida, à medida que as encomendas se tornaram complexas, enfrento os problemas da cidade. World Media - O sr. trabalhou na Europa e nos Estados Unidos. Com qual contexto o diálogo foi mais rico? Botta - Tenho necessidade de coação. É um pouco como o quadro para o pintor. Ela me estimula. Ora, há mais coações na Europa, uma vez que esses países estão carregados de memória histórica. World Media - O que o senhor pensa do pós-modernismo? Botta - Não gosto de rótulos. Prefiro me considerar pós-antigo. Reconheço na história, no passado, grande amigos. Tradução de Bertha Halpern Gurovitz. Texto Anterior: 'Nada parece com Brasília' Próximo Texto: 'Faço projetos para provocar' Índice |
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