São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995 |
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'Faço projetos para provocar'
SASKIA REILLY; <UN->WILLIAM ECHIKSON
Em entrevista ao World Media, ele fala também de seus projetos mais recentes. E diz que o arquiteto devia viver pelos menos 200 anos: ``Os cem primeiros para aprender sem fazer muitos desastres; a outra metade para aplicar o que aprendeu". A seguir, os principais trechos. * World Media - Qual é a sua obra-prima? Renzo Piano - É sempre a mais recente! World Media - Quando você olha para o Pompidou, como você o justifica? Piano - Não o justifico. Em Paris, nos anos 70, os edifícios institucionais destinados à cultura eram intimidantes -fortes, severos. Foi uma provocação interessante fazer um prédio que inspirasse uma emoção totalmente nova. Pensei: aterrisse com a espaçonave. Por que não? É mais direto. World Media - O seu trabalho mudou com o passar dos anos? Piano - O Centro Pompidou é frequentemente descrito como um triunfo da tecnologia, e não é. É uma paródia da tecnologia. Não é triunfalista, não é alta tecnologia. Você conhece as histórias de Julio Verne sobre os submarinos e as máquinas voadoras? Bom, eles são submarinos que nunca irão flutuar e máquinas voadoras que nunca irão voar. O Centro Pompidou é um foguete que não voa, é uma paródia. World Media - E o Museu Menhil? Piano - Houston, no Texas (EUA), é uma cidade sem memória, sem história, sem os clássicos edifícios institucionais que intimidam. Lá, a provocação foi o oposto: ser íntimo, muito íntimo. World Media - Porque o aeroporto de Osaka (Japão) é tão monumental? Piano - Quando se constrói algo como o aeroporto de Osaka, que tem quase dois quilômetros de extensão, ele é monumental no sentido de que lá existe um espaço imenso. De dentro, você não vê o fim. World Media - Como você gostaria de ser lembrado? Piano - Sempre digo que um arquiteto deveria viver pelo menos 200 anos. Ele precisa dos primeiros cem anos para aprender sem fazer muitos desastres. E precisa da outra metade para aplicar o que aprendeu. É uma disciplina difícil. Você tem que ser um bom construtor, um bom artista, um bom sociólogo e um bom historiador -muitas coisas boas ao mesmo tempo. E isso significa muita habilidade, equilíbrio e harmonia em conjunto. Para tudo isso, é preciso muita atenção. Tradução de Vasco da Costa Pinto Neto. Texto Anterior: 'Uso a história como âncora' Próximo Texto: O século 21 é uma incógnita Índice |
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