São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995 |
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'Nada parece com Brasília' "O racionalismo sempre castrou a arquitetura nova" SILVIO CIOFFI
O arquiteto que aprendeu a lidar com a controvérsia afirma, em entrevista ao World Media, que trabalha ao mesmo tempo em vários projetos e se dedica à montagem de exposição sobre sua obra que acontece em Veneza (Itália), em 1996. A seguir, os principais trechos. * World Media - Qual é sua obra-prima, Brasília? Oscar Niemeyer - Os projetos são tão diferentes, que é difícil julgar. Em Brasília, o que me agrada mais é o Congresso. Entre os projetos que fiz na Europa, a construção no Havre, na França, e as obras na Argélia, me interessam particularmente. Quem vai a Brasília pode não gostar, mas nunca dizer que viu antes algo parecido. World Media - Como o sr. vê o reaproveitamento de formas que criou? Niemeyer - Vejo com prazer. Quem se sugestiona com o trabalho de outro é porque gostou e isso só me agrada. World Media - E como é que tudo começou na sua vida de arquiteto? Niemeyer - Considero o início de minha arquitetura a obra da Pampulha (1939-40), pedido de Juscelino Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte. World Media - Nessa época o sr. já tinha contato com Le Corbusier? Niemeyer - Já conhecia Le Corbusier, mas fiquei sempre com a impressão de que a arquitetura brasileira podia ser mais livre, que o concreto armado oferecia novas soluções, que a curva era essencial. World Media - E a influência da Bauhaus, escola de arquitetura alemã dos anos 30, na arquitetura moderna? Niemeyer - Quando fiz Pampulha, combati o ângulo reto. A arquitetura internacional daquele tempo era muito rígida e eu queria uma arquitetura mais livre. O próprio Le Corbusier dizia que a Bauhaus era o paraíso da mediocridade. World Media - E o pós-moderno? Niemeyer - O pós-moderno acabou com o racionalismo, que sempre castrou a arquitetura nova. World Media - E a arquitetura dos países socialistas? Niemeyer - Não encontro argumentos para defender a arquitetura soviética. World Media - Como serão as cidade do futuro? Enormes? Niemeyer - Será baseada no homem mais simples, que aceita a vida horizontal. Será uma cidade em que o programa é diferente de uma cidade de atual. Texto Anterior: 'Sou contra os pastiches' Próximo Texto: 'Uso a história como âncora' Índice |
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