São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Berlim está em obras

HANS-HERBERT HOLZAMER
DA "SÜDDEUTSCH ZEITUNG"

Prefeito de Berlim (Alemanha) desde fevereiro de 1984, Eberhard Diepgen sempre quis fazer de sua cidade uma capital européia.
Desde a reunificação, Berlim voltou a ser capital da Alemanha. E domina a situação. Derrubado o muro, ela se transformou no maior canteiro de obras da Europa.
A seguir, os principais trechos da entrevista ao World Media.
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World Media - Por que Berlim fazia questão de se tornar capital da Alemanha? Um papel de metrópole, de plataforma giratória cultural da Europa do Leste, não lhe parecia atraente?
Eberhard Diepgen - O problema não era escolher entre o papel de capital da Alemanha e o de metrópole cultural e econômica no coração da Europa. Os dois se completam. Tratava-se da credibilidade da política alemã.
World Media - Acusou-se muitas vezes Bonn de ser uma capital desprovida da vida social própria às capitais. Isso aplica-se também a Berlim? A cidade se recompôs da terrível sangria da época nazista?
Diepgen - Berlim conheceu efetivamente uma sangria assustadora, por causa do nacional-socialismo, da guerra e do período de pós-guerra. Pouco a pouco, esses efeitos serão reabsorvidos.
Quando se evoca o futuro de Berlim, faz-se sempre o paralelo com os bons tempos dos anos 1920. Isso é uma estupidez. Precisamos considerar nossos pontos fortes: a cultura e as ciências.
World Media - O senhor diz que não se deve fazer um paralelo com a Berlim dos anos loucos. Mas, ao ver certos projetos arquitetônicos, às vezes tem-se a impressão que é exatamente isso que acontecerá no futuro.
Diepgen - Atualmente, Berlim é um eldorado para urbanistas e arquitetos. Queremos reconstruir a parte histórica da cidade e associá-la à arquitetura moderna.
World Media - Quais os objetivos e ambições de Berlim?
Diepgen - Berlim deve evoluir de modo a se tornar uma verdadeira metrópole européia, uma cidade cosmopolita. Depois da guerra, a história reabriu velhas chagas.
Nosso dever hoje é curar essas feridas. Podemos aproveitar para evoluir em novas direções: urbanizar as zonas rurais vizinhas, reavivar espaços de lazer ao ar livre.
Não queremos repetir erros feitos em metrópoles como México, Buenos Aires e Paris, onde surgiram paisagens urbanas marcadas pela forte concentração dos habitantes e do tráfego das estradas.

Tradução de Bertha Halpern Gurovitz.

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