São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995
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Ou o parque do apocalipse?

MIKE DAVIS
ESPECIAL PARA O WORLD MEDIA

Uma ou duas vezes a cada década, o Havaí (arquipélago norte-americano) manda para Los Angeles um grande beijo molhado.
Soprando ao sul de sua rota habitual, a corrente de vento oeste desvia o ar carregado de umidade para o litoral sul da Califórnia.
Quando essa frente escura e turbulenta se choca com as montanhas de San Gabriel, produz tempestades de ferocidade sem rival.
A agitação violenta da atmosfera não é excepcional -é algo que acontece de 20 em 20 anos, segundo os meteorologistas. Mas parece um mau presságio.
Cresce o temor de que a Califórnia esteja se transformando em uma espécie de parque temático sobre o livro do apocalipse.
Primeiro se rebelam os nativos; depois, a natureza. Em menos de três anos, a megalópole sofreu três das dez catástrofes domésticas mais caras ocorridas nos Estados Unidos desde a Guerra Civil.
Primeiro foram os distúrbios de rua de abril de 1992, responsáveis por um prejuízo de US$ 1 bilhão; a seguir, os incêndios de outubro e novembro de 93 (mais US$ 1 bilhão), e, finalmente, o terremoto de janeiro de 94 (US$ 21 bilhões).
Comparativamente, as tempestades de janeiro deste ano quase que parecem moderadas. Do vale de San Fernando a Laguna Beach, pelo menos 250 mil sul-californianos foram diretamente afetados por mortes, ferimentos ou prejuízos domésticos e comerciais.
Depois de um século de influxo populacional, o sul da Califórnia assiste hoje a um êxodo. Milhares já compraram passagens só de ida.

Tradução de Lucia Boldrini.

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