São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995 |
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Cidade mescla genes e símbolos
ANTONIO RISÉRIO
Com os portugueses, vieram fortes, igrejas e negros escravos. Eles geraram uma nova realidade antropológica. Seu encontro foi assimétrico, de senhor e escravo, marcado por confrontos. Constituiu ``corpus" específico de cultura, práticas e discursos produzidos na encruzilhada de códigos e signos da Europa e África Ocidental. Até o século 17, o tráfico baiano de escravos foi com a África subequatorial: é o fluxo dos bantos de Angola e do Congo. Nos séculos 18 e 19, os navios carrearam da Costa da Mina povos ewe-iorubá. Iorubanos, força central na Bahia, da dimensão genética à simbólica, impuseram seus deuses, como Iansã -a rainha dos ventos e tempestades- e Xangô -o Deus da justiça. Reprimidos no período escravista, recorreram à prática litúrgica clandestina, à adoração de orixás. Hoje, apesar do racismo, a Bahia mescla genes e símbolos. E nenhuma pureza é possível. Texto Anterior: A Bahia é um presépio Próximo Texto: Cairo vive um paradoxo Índice |
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