São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 1995 |
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Beirute renasce das ruínas
CHRISTOPHE BOLTANSKI
A demarcação entre o leste cristão e o oeste muçulmano ainda é quase intransponível. Cerca de 120 mil proprietários foram expropriados por uma lei adotada há quatro anos. O Estado não tinha dinheiro e os terrenos foram confiados a uma sociedade privada, a quem cabe ressuscitar Beirute (Líbano). Essa redução do poder público e o dano ao direito de propriedade provocam debates apaixonados. No mercado Tawileh, por exemplo, em certos lotes os que têm direito são milhares. Nesse labirinto, o comércio abolia as barreiras confessionais: armênios, maronitas, gregos ortodoxos, judeus, sunitas e xiitas coabitavam na mesma rua. Com as comunidades muito misturadas, os combates da guerra civil foram encarniçados. Durante a primavera de 1975, o coração da cidade virou campo de ruínas. Hoje, quando as crianças erguem postais de antes da guerra, aos gritos de ``Beirute!", até parece que se trata de outro lugar. O coração da cidade tem projetos de reconstrução, mas como não se preocupar com o que acontece em outros locais da capital? Dezenas de milhares de refugiados xiitas amontoam-se em torno do aeroporto e um exército de invasores vive nas ruínas do centro. E Beirute joga seu lixo no mar. ``Não é só reconstruindo o coração que se pode erguer a cidade", insiste Jade Tabet. ``É preciso um esquema urbano global que inclua esses arredores explodidos." Segundo a previsão, será preciso esperar um quarto de século para que o conjunto do plano diretor da capital libanesa venha à luz. Tradução de Bertha Halpern Gurovitz. Texto Anterior: Jerusalém não tem limites Próximo Texto: Istambul é para pechinchar Índice |
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